Leonardo da Vinci tendo nascido filho ilegítimo não
recebeu a educação formal para o ofício de tabelião de seu pai o que deu
liberdade para se transformar em um autodidata. Certa vez Leonardo assinou:
“Leonardo da Vinci, “disscepolo dela
sperientia” e escreveu: “embora não
tenha a mesma capacidade deles [dos eruditos] de citar autores eu me apoio em
algo muito mais valioso: a experiência” o que se afasta do homem
renascentista usual que adquiria seu conhecimento com base nas obras da
Antiguidade Clássica recém descobertas. Ao discorrer sobre as obras de
engenharia como construção de diques, canais e montagens de máquina Leonardo da
Vinci declara que “parece-me que essas ciências são vãs e cheias e de erro
sempre que não resultam da experiência, a fonte de toda a certeza”. Em uma
de suas coleções assinou orgulhosamente: “Leonardo, discípulo da experiência”[1]. Enquanto
os humanistas da Renascença reproduziam os conhecimentos dos textos clássicos ao
invés de testá-los, Leonardo da Vinci embasava sua ciência na experimentação.
Leonardo da Vinci embora sem ter deixado nenhum tratado teórico, contudo
destaca a importância do conhecimento teórico: “os apaixonados pela prática sem conhecimento teórico são como o
marinheiro que embarca em um naio sem leme ou bússola, que nunca saberá ao
certo para onde está indo. A prática deve estar sempre fundamentada por uma
sólida teoria’[2] Segundo Walter Isaacson: “Leonardo foi um
precursor da era dos experimentos observacionais e do pensamento crítico. Quando
tinha uma ideia, ele criava uma maneira de testá-la. E, quando a experiência
mostrava que a teoria estava errada, como a crença de que fontes de água no
interior da Terra eram alimentadas da mesma forma que os vasos sanguíneos nos
seres humanos, ele abandonava a teoria e elaborava outra. Essa prática se
tornaria comum um século depois, durante a era de Galileu e de Bacon”.[3] O
reduzido impacto da metodologia de Leonardo da Vinci em sua época se deve a que
seus tratados não foram publicados em vida.[4] René
Taton observa a obra de Leonardo da Vinci não exerceu qualquer influência
sensível no século XVI.[5] Leonardo
desenvolveu muitos mecanismos que foram usados em apresentações teatrais da
Corte em Milão como para a Máscara dos Planetas durante as celebrações da boda
de 1490 ou para a peça Danae de Baldassare Taccone em 1496.[6]
[1] HALE, John. Renascença, Rio de Janeiro: José Olympio, 1970, p.20, 129
[2] ISAACSON, Walter.
Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro:Intrínseca, 2017, p. 200
[3] ISAACSON, Walter.
Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro:Intrínseca, 2017, p. 37, 195, 199, 200, 288,
458, 553
[4] ISAACSON, Walter.
Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro:Intrínseca, 2017, p. 453
[5] TATON, René. A ciência
moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 95
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