terça-feira, 8 de junho de 2021

A experiência em Leonardo da Vinci

 

Leonardo da Vinci tendo nascido filho ilegítimo não recebeu a educação formal para o ofício de tabelião de seu pai o que deu liberdade para se transformar em um autodidata. Certa vez Leonardo assinou: “Leonardo da Vinci, “disscepolo dela sperientia” e escreveu: “embora não tenha a mesma capacidade deles [dos eruditos] de citar autores eu me apoio em algo muito mais valioso: a experiência” o que se afasta do homem renascentista usual que adquiria seu conhecimento com base nas obras da Antiguidade Clássica recém descobertas. Ao discorrer sobre as obras de engenharia como construção de diques, canais e montagens de máquina Leonardo da Vinci declara que “parece-me que essas ciências são vãs e cheias e de erro sempre que não resultam da experiência, a fonte de toda a certeza”. Em uma de suas coleções assinou orgulhosamente: “Leonardo, discípulo da experiência”[1]. Enquanto os humanistas da Renascença reproduziam os conhecimentos dos textos clássicos ao invés de testá-los, Leonardo da Vinci embasava sua ciência na experimentação. Leonardo da Vinci embora sem ter deixado nenhum tratado teórico, contudo destaca a importância do conhecimento teórico: “os apaixonados pela prática sem conhecimento teórico são como o marinheiro que embarca em um naio sem leme ou bússola, que nunca saberá ao certo para onde está indo. A prática deve estar sempre fundamentada por uma sólida teoria’[2] Segundo Walter Isaacson: “Leonardo foi um precursor da era dos experimentos observacionais e do pensamento crítico. Quando tinha uma ideia, ele criava uma maneira de testá-la. E, quando a experiência mostrava que a teoria estava errada, como a crença de que fontes de água no interior da Terra eram alimentadas da mesma forma que os vasos sanguíneos nos seres humanos, ele abandonava a teoria e elaborava outra. Essa prática se tornaria comum um século depois, durante a era de Galileu e de Bacon”.[3] O reduzido impacto da metodologia de Leonardo da Vinci em sua época se deve a que seus tratados não foram publicados em vida.[4] René Taton observa a obra de Leonardo da Vinci não exerceu qualquer influência sensível no século XVI.[5] Leonardo desenvolveu muitos mecanismos que foram usados em apresentações teatrais da Corte em Milão como para a Máscara dos Planetas durante as celebrações da boda de 1490 ou para a peça Danae de Baldassare Taccone em 1496.[6]

[1] HALE, John. Renascença, Rio de Janeiro: José Olympio, 1970, p.20, 129

[2] ISAACSON, Walter. Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro:Intrínseca, 2017, p. 200

[3] ISAACSON, Walter. Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro:Intrínseca, 2017, p. 37, 195, 199, 200, 288, 458, 553

[4] ISAACSON, Walter. Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro:Intrínseca, 2017, p. 453

[5] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 95

[6] CORNELL, Tim; MATHEWS, John. Renascimento v.I ,Grandes Impérios e Civilizações, Lisboa:Ed. Del Prado, 1997, p. 82



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