segunda-feira, 7 de junho de 2021

A expansão portuguesa do século XV

 

O mestre de Avis D. João I, décimo rei de Portugal (1385-1435) foi sucedido por D. Duarte I (1433-1438), D. Afonso V (1438-1481), o Africano, D. João II (1481-1495), D. Manuel I (1495-1521), o Venturoso, por colher os frutos da política expansionista dos reis anteriores.[1] Oliveira Marques aponta que em todas as viagens realizadas em 1415 e 1460 (data da morte do infante D. Henrique, o Navegador, mestre da Ordem de Cisto e primeiro duque de Viseu) apenas um terço foi realizada sobre iniciativa do infante D. Henrique o que mostra não havia propriamente um plano de expansão organizado desde seu início[2]: “a expansão portuguesa foi essencialmente uma empresa estatal, a que não se mostraram indiferentes interesses e iniciativas particulares”.[3] Já no século XIII dois navegadores genoveses, os irmãos Vivaldi, zarparam de Gênova para atingir a Índia pelo oceano.[4] Segundo Roberto Lopez o domínio dos genoveses nas navegações no século XIV se verificava tanto em Portugal como em Castela: “genoveses eram os carpinteiros, genoveses os fabricantes de bestas, genoveses os armígeros, genoveses os mestres de fazer remos, genoveses os navegantes, genovesas algumas das enxárcias usadas, tudo era genovês”.[5]  Grande parte do financiamento dos empreendimentos comerciais portugueses na África tinha origem em investidores italianos, flamengos e alemães. Em 1486 o mercador florentino Bartolomeu Marchioni que residia em Lisboa, detinha licenças de comércio de escravos africanos.[6] Segundo Charles Verlinden: “a colonização portuguesa não foi, desde o início uma colonização sujeita ao monopólio régio. Muitas das empresas coloniais montadas por Dom Henrique, o Navegador, foram sociedades de participação múltipla”.[7] Russel Wood mostra que as colonizações de Portugal nas Canárias, Madeira e Açores na década de 1420, como a passagem de Gil Eanes pelo Cabo Bojador (1434), as conquistas de Senegal, Cabo Verde (1445), Serra Leoa (1460), São Tomé e Príncipe (1470) foram todas financiadas pela iniciativa privada sob concessão da Coroa portuguesa. A conquista de Diogo Cão (1482) no Congo foi uma das poucas exceções.[8]



[1] VIANNA, Hélio. História do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.21

[2] MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal, Rio de Janeiro: Tinta da China, 2016, p. 53

[3] MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal, Rio de Janeiro: Tinta da China, 2016, p. 84

[4] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.167

[5] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do Paraíso, São Paulo: Brasiliense, 2000, p. 405

[6] RUSSEL WOOD, A. Histórias do Atlântico português, São Paulo: UNESP, 2021, p. 46

[7] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do Paraíso, São Paulo: Brasiliense, 2000, p. 401

[8] RUSSEL WOOD. A. Histórias do Atlântico português, São Paulo: Unesp, 2021, p.29



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