Charles
Boxer, por sua vez, destaca que o Tratado de Methuen assinado em 1703 ocorre
após o fracasso das negociações com os franceses em 1701 com o rei Sol Luis
XIV, e que levou, em represália ao Tratado de Methuen assinado com Inglaterra, aos
ataques de corsários franceses realizados no Rio de Janeiro em 1710 por Jean
François Duclerc e no ano seguinte por Duguay Trouin.[1] O primeiro historiador a tratar das invasões dos corsários franceses Jean Leclerc
e Duguay Trouin foi Rocha Pitta. Feito prisioneiro Duclerc foi assassinado em
março de 1711 o que levou a investida de Trouin em vingança. O embaixador Paulo
Carneiro descreve como insólitas as homenagens do governo francês a Duguay
Trouin em 1973 aos seus trezentos anos de seu nascimento quando seus restos
mortais foram levados à sua cidade natal Saint Malo carregados em um baú de
jacarandá vindo do Brasil, esquecendo-se do horror do ataque ao Rio de Janeiro
e o resgate no montante de 600 mil cruzados[2],
100 caixas de açúcar e 200 bois acrescidos de mais de doze milhões de cruzados em
roubos e saques praticados no ataque[3].
O diplomata Luis da Cunha critica o tratado de Methuen: “a riqueza de um
país consiste em multiplicar as fábricas para que os naturais pudessem ter
emprego e lucrassem tudo o que nelas ganhavam os estrangeiros, que importava pouco
que os panos que se faziam em Portugal fossem menos bons que os da Inglaterra,
se todo se vestissem do mesmo e o dinheiro ficasse no país [...] que a muita
saída dos vinhos era lucro de poucas pessoas principais, mas que o aumento do
número de fábricas era remédio de inúmeros povos”.[4] Para Nelson Werneck Sodré com o tratado Portugal tornava-se vassalo da Inglaterra[5].
[1] BOXER, Charles. A idade
de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São
Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 156
[2] PITTA, Sebastião da Rocha. História da América Portuguesa, Belo Horizonte: USP,1976,
p. 256
[3] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1979, p.362
[4] ALBUQUERQUE, Manoel
Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro:
Graal, 1981, p. 129
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