Na pesca os tupinambás usavam uma planta conhecida
como timbó ou tingui que em contato com a água soltava uma espécie de
entorpecente que intoxicava os peixes facilitando a pescaria à mão. Soltos
novamente na água os peixes rapidamente se recuperavam, podendo ser consumido
sem risco. [1] Anchieta relata ocasião em que se presenciou a mortandade de dez mil peixes de
uma única vez por este método.[2] Na pesca
os índios usavam o timbó para matar os peixes nos rios. [3] Segundo Gabriel
Soares de Sousa: “Quando este gentio quer
tomar muitos peixes nos rios d’água doce e nos esteiros d’água salgada, os
atravessam com uma tapagem de varas, e batem o peixe de cima para baixo; onde
lhe lançam muita soma de umas certas ervas pisadas, a que chamam timbó, com o
que se embebeda o peixe de maneira que se vem acima d’água como morto; onde
tomam às mãos muita soma dele”.[4]O curare
era um veneno usado pela tribo dos Caverres no Orinoco era usado como veneno
nas flechas e capaz de causar morte instantânea, uma receita guardada em
segredo bem como os antídotos usados.[5] Antonio
Muniz de Sousa destaca a depredação do meio de ambiente que o uso abusivo do
timbó poderá causar: “A ociosidade
no Brasil é
o tronco de
todos os vícios:
A primeira classe
dos ociosos se
aplica à caçada
e à pescaria,
no que não
tiram utilidade alguma, por
que, não ceando
os campos e
matos cultivados abundância
de animais silvestres,
como antigamente, gastam em
vão o tempo,
e causam um
notável prejuízo, e de
mais o
mau costume de lançarem
tingui / timbó nos poços e
lagos, com o que
matam todos os
peixes que ali
há, priva aos mais
homens do socorro
de que lhes
pode servir tais
viventes; e faz
lástima ver aqueles
poços esteirados de peixes
podres , rodeados de
urubu”.[6] Os índios tupinambás do Rio de Janeiro usavam uma armadilha para peixes
conhecida como jequiá, jequeí, ou jiqui para rios de águas calmas, feito com ripas de taquara entrelaçadas
formando dois cestos superpostos, em que o cesto menor tem uma abertura que
permite a passagem do peixe mas impede sua saída depois de atraído pela isca no
cesto maior.
[1]SILVA, Rafael Freitas.
O Rio antes do Rio. Rio de Janeiro:Babilônia, 2015, p. 126
[2] TOLEDO,
Roberto Pompeu de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 187
[3] VARNHAGEN, Francisco
Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. I, p. 40; SOUTHEY, Robert. Historia do Brasil, v.
I. Rio de Janeiro:Garnier, 1862, p. 455
[4] MIRANDA. Carlos Alberto
Cunha. A arte de curar nos tempos da colônia. Recife:UFPE, 2017, p.213
[5] SOUTHEY, Robert.
História do Brasil, Brasília: Melhoramentos, 1977, v.1, p. 180
Nenhum comentário:
Postar um comentário