Marc Bloch mostra que até o final do século XI, exceto temporariamente pela renascença carolíngia, a mentalidade religiosa prevalecente no período medieval era desprovida de qualquer base racional ou especulação lógica “É-nos permitido dizer que nunca a fé mereceu tanto esse nome”.[1] Martin Stevers destaca que a escolástica lançava as bases do pensamento moderno na medida em que baseada na lógica aristotélica como se observa nas obras de Alberto Magno (1193-1280), do frade dominicano Vicente de Beauvais (1190-1264) autor da enciclopédia Speculum Maius (O grande espelho) com ensinamentos sobre a natureza, doutrina (entre as quais temas relativos as artes liberais mecânicas, direito e medicina) e história, o franciscano escocês João Duns Scotus (1266-1308) (não confundir com o teólogo irlandês João Escoto Erígena 810-877), o bispo inglês Robert Grosseteste (1175-1253) (cabeça grande) e o frade franciscano Roger Bacon (1214-1292)[2]. Para Otto Carpeaux em sua obra Vicente de Bauvais integra o conhecimento grego ao cristianismo: “Na enciclopédia imensa de Vincentius de Beauvais, o Spenculum maius, toda a Antiguidade está presente, em inúmeras citações; já não se sente quase diferença alguma entre as parábolas do Evangelho de Lucas e os contos de Ovídio, entre as viagens dos apóstolos e as dos heróis homéricos [...] O mundo antigo do século XIII é um tapete multicolor, comparável aos tecidos amplos e fantásticos que o Museu Cluny guarda”.[3]
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