Os gregos
denominavam skholé, que significa ócio, ao lugar onde se reuniam para
ouvir os ensinamentos dos filósofos.[1] Para
Aristóteles os sujeitos a trabalhos necessários, tais como artesãos e
comerciantes, se a serviço de um homem, não são livres e podem ser considerados
escravos e para a formação da virtude e para a prática política, direitos dos
cidadãos, é necessário o ócio (otium).[2] Segundo
Pedro Funari: “ócio entre os gregos era
um conceito, de origem aristocrática, que implicava precisamente a liberdade,
eleutheria, que advém de não se ter obrigatoriamente que trabalhar. Mas
liberdade para que ? Liberdade para participar da vida pública e para refletir
sobre o mundo, para flanar (andar ociosamente), para dedicar-se a discussões
estimulantes”.[3] Xenofonte
destaca que “só os que podem criar os
seus filhos para não fazerem nada é que os enviam à escola; os que não podem,
não enviam”.[4] A escravatura aumentava o tempo livre dos romanos que tinham em grande conta a
ociosidade.[5] Cícero (106 a.c. a 46 a.c.) e Sêneca (4 a.c. a 65 d.c.) exaltam o ócio como
superior ao trabalho. O negócio de qualquer espécie (não otium) era a
negação do ócio, ou seja, era visto como algo indesejável, próprio daqueles que
não tem o controle de seu próprio tempo. Cícero critica os que precisam
trabalhar para ganhar a vida: “O dinheiro que vem de vender o seu trabalho é
vulgar e inaceitável para um cavalheiro, pois os soldos são efetivamente os
grilhões da escravidão”.[6] Paul
Veyne, contudo, destaca ao lado do ideal do ócio como característico da
sociedade romana observa-se um conceito mais positivo do trabalho nos
documentos de origem mais popular. Em Pompéia casas de padeiros e pisoeiros
destacavam com orgulho seu ofício.
[1] FILHO, Adolfo Morales de los Rios. Teoria e filosofia da arquitetura, Rio de
Janeiro: A Noite, 1955, p. 113
[2] MONDOLFO, Rodolfo. O
pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre
Jou, 1973, p. 65
[3] FUNARI, Pedro. Grécia e
Roma, São Paulo:Contexto, 2004, p.52
[4] BRANDÃO, Carlos
Rodrigues. O que é educação, Rio de Janeiro: Brasiliense, 1981, p. 40
[5] KITTO, Humphrey Davey Findley. Os gregos. Coimbra:Armenio Amado,
1970, p. 222
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