quinta-feira, 13 de maio de 2021

Florescimento cultural português no século XVI

 

Os burocratas e prelados de Portugal mantinham contato com eruditos florentinos e livreiros como Vespasiano da Bisticci. Vasco Fernandes de Lucena (1410-1495) serviu a três reis portugueses e manteve correspondência com o humanista floretino Poggio Bracciolini em 1430 que denominou de “descobrimentos” as conquistas marítimas portuguesas. Para Hugo Grotius a palavra descobrimento não significa meramente perceber alguma coisa com os olhos mas “tomar posse de”.[1]  D. João III transferiu a universidade de Lisboa para Coimbra em 1537 onde inaugurou o Colégio das Artes que se destacou pela inspiração humanista tendo recebido o escocês Jorge Buchman.  Oliveira Marques destaca o vigor da cultura portuguesa ainda na segunda metade do século XVI e primeira metade do século XVII com obras (exceto nas ciências) como as de Luís de Camões (1524-1580) autor dos Lusíadas, considerado ao maior trunfo literário português no Renascimento e aos moldes da Eneida de Virgílio, o humanista Antonio Ferreira (1528-1569) autor de "Tragédia de Inês de Castro", o arquiteto e iluminador Francisco de Holanda (1517-1585), Diogo do Couto (1542-1616) historiador português e guarda-mor da Torre do Tombo de Goa, frei Luís de Sousa (1555-1632) autor da monumental obra "História de São Domingos", Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622) poeta considerado o iniciador do Barroco na literatura portuguesa autor de Primavera e O Pastor Pergerino, D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666) escritor autor do texto moralista da Carta de Guia de Casados ou a peça de teatro Fidalgo Aprendiz, o poeta frei Antonio das Chagas (1631-1682), o artista e pintor Nuno Gonçalves pintos da corte de Afonso V autor de O políptico de São Vicente (1465) e o padre Antonio Vieira (1608-1697) escritor do barroco brasileiro e português autor de mais de 200 sermões. Na arquitetura destaca-se o Mosteiro da Batalha com o estilo manuelino. C. Black mostra que o século de 1480 e 1580 caracteriza-se por um extraordinário florescimento da vida cultural e artística em Portugal e Espanha.[2] Jaime Cortesão observa que ao final do século XVI perde o império do Índico, um dos momentos mais baixos da sua depressão e exaustão orgânica, momento em que surgem o Lusíadas como mais alta expressão literária, para em seguida ressurgir com o Império do Atlântico.[3] Oliveira Marques destaca que exceto pelo padre Antonio Vieira é inegável que tal contribuição declinou no século XVII.[4]

[1] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do Paraíso. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.390

[2] BLACK, C. O mundo do Renascimento V.II, Madrid: Edições del Prado, 1984, p. 184-203

[3] CORTESÃO, Jaime. Alexandre Gusmão e o Tratado de Madrid, v.I, São Paulo: Funag, 2006, p.92

[4] MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal. Rio de Janeiro: Tinta da China , 2016, p.102



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