Os
burocratas e prelados de Portugal mantinham contato com eruditos florentinos e
livreiros como Vespasiano da Bisticci. Vasco Fernandes de Lucena (1410-1495)
serviu a três reis portugueses e manteve correspondência com o humanista floretino
Poggio Bracciolini em 1430 que denominou de “descobrimentos” as conquistas
marítimas portuguesas. Para Hugo Grotius a palavra descobrimento não significa
meramente perceber alguma coisa com os olhos mas “tomar posse de”.[1] D. João III transferiu a universidade de
Lisboa para Coimbra em 1537 onde inaugurou o Colégio das Artes que se destacou
pela inspiração humanista tendo recebido o escocês Jorge Buchman. Oliveira Marques destaca o vigor da cultura
portuguesa ainda na segunda metade do século XVI e primeira metade do século
XVII com obras (exceto nas ciências) como as de Luís de Camões (1524-1580)
autor dos Lusíadas, considerado ao maior trunfo literário português no
Renascimento e aos moldes da Eneida de Virgílio, o humanista Antonio Ferreira
(1528-1569) autor de "Tragédia de Inês de Castro", o arquiteto e
iluminador Francisco de Holanda (1517-1585), Diogo do Couto (1542-1616) historiador
português e guarda-mor da Torre do Tombo de Goa, frei Luís de Sousa (1555-1632)
autor da monumental obra "História de São Domingos", Francisco
Rodrigues Lobo (1580-1622) poeta considerado o iniciador do Barroco na
literatura portuguesa autor de Primavera e O Pastor Pergerino, D.
Francisco Manuel de Melo (1608-1666) escritor autor do texto moralista da Carta
de Guia de Casados ou a peça de teatro Fidalgo Aprendiz, o poeta frei
Antonio das Chagas (1631-1682), o artista e pintor Nuno Gonçalves pintos da
corte de Afonso V autor de O políptico de São Vicente (1465) e o padre
Antonio Vieira (1608-1697) escritor do barroco brasileiro e português autor de
mais de 200 sermões. Na arquitetura destaca-se o Mosteiro da Batalha com o
estilo manuelino. C. Black mostra que o século de 1480 e 1580 caracteriza-se
por um extraordinário florescimento da vida cultural e artística em Portugal e
Espanha.[2] Jaime Cortesão observa que ao final do século XVI perde o império do Índico, um
dos momentos mais baixos da sua depressão e exaustão orgânica, momento em que
surgem o Lusíadas como mais alta expressão literária, para em seguida ressurgir
com o Império do Atlântico.[3] Oliveira Marques destaca que exceto pelo padre Antonio Vieira é inegável que
tal contribuição declinou no século XVII.[4]
[1] HOLANDA, Sérgio Buarque
de. Visões do Paraíso. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.390
[2] BLACK, C. O mundo do
Renascimento V.II, Madrid: Edições del Prado, 1984, p. 184-203
[3] CORTESÃO,
Jaime. Alexandre Gusmão e o Tratado de Madrid, v.I, São Paulo: Funag, 2006, p.92
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