quinta-feira, 13 de maio de 2021

Fídias

 

Daniel Boorstin reconhece que Fídias foi indicado por Péricles para coordenar a construção do Partenon mas somente podemos ter certeza da sua contribuição artística na estátua de Atena em ouro posta em seu interior[1]. Moses Finlay informa que não há comprovação de que as esculturas no Partenón foram feitas por Fídias[2]. Segundo Marcel Dunan e Jardé o projeto do Partenon foi realizado aos arquitetos Ictinus e a execução a Calicrates[3], cabendo a Fídias as esculturas incluídas no templo entre as quais se destacava a estátua de Atena com 12 metros de altura feita de madeira e recoberta de ouro e marfim.[4] Fídias foi acusado de ter roubado parte do ouro a ele entregue para construção da estátua o o que levou a ter de retirar todas as placas de ouro de modo a pesá-las e mostrar que nada havia sido roubado.[5]Em Olímpia no templo de Zeus, Fídias esculpiu a colossal estátua de Zeus,[6] revestido com placas de marfim e coberta com um manto de ouro. As partes representando a carne eram feitas em marfim montado sobre uma base de pedra, ao passo que as vestes eram feitas em ouro.[7] Aos pés da estátua uma inscrição, segundo Pausânias, revelava ter sido Fídias seu escultor.[8] Fílon / Filo de Bizâncio em sua descrição das sete maravilhas do mundo em De Septem Orbis Miraculis: “a habilidade de execução é tão incrível quanto é sagrada a imagem de Zeus. O trabalho provoca elogios e a imortalidade provoca a honra”.[9] No século III, Plotino em Enéades exalta a técnica de Fídias por ter representado Zeus não segundo as normas e os costumes da realidade visível, mas “como o próprio deus apareceria, se quisesse mostrar-se aos nossos olhos”, revelando uma capacidade privilegiada de atingir uma realidade que está para além de tudo o que é cognoscível. [10]



[1] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.134

[2] FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 169

[3] JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.13

[4] JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.111; BOWRA, Maurice. Grécia Clássica, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1969, p. 107

[5] BOWRA, Maurice. Grécia Clássica, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1969, p. 122

[6] DUNAN, Marcel; BOWLE, John. Larousse encyclopedia of ancient & medieval history, Paris:Larousse, 1963, p.123

[7] BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia, Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 356

[8] ROMER, Elizabeth. As sete maravilhas do mundo, São Paulo:Melhoramentos, 1996, p.26

[9] ROMER, Elizabeth. As sete maravilhas do mundo, São Paulo:Melhoramentos, 1996, p.29

[10] CASTELNUOVO, Enrico. O artista. In: LE GOFF, Jacques. O homem medieval, Lisboa: Editorial Presença, 1989, p.147



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