Jaime Cortesão considera injustas as acusações de perdulário ao rei português D. João V uma vez que tais críticos desconsideram que a Coroa portuguesa gastou grandes somas de dinheiro com a expansão e definição geográfica do território brasileiro e a defesa de sua integridade, por exemplo quando lutou para manter a colônia de Sacramento que mais tarde veio a se revelar fundamental nas negociações do Tratado de Madri e nos contornos do Brasil meridional.[1] Segundo a bula Romani Pontificis de 1676 o limite sul do bispado do Rio de Janeiro se estendia ao Rio da Prata.[2] No Brasil independente, alguns historiadores tem apontado a preservação da unidade territorial como resultado do prolongado período de escravidão, uma vez que a unidade nacional somente seria alcançada preservando-se a ordem e as instituições entre as quais a escravidão. As elites manteriam desta forma um pacto implícito de se evitar movimentos separatistas que pudessem levantar a bandeira do fim da escravidão. No entanto, José Murilo de Carvalho (na figura) observa que movimentos de revolta popular e de escravos como a Cabanagem no Pará e a Balaiada no Maranhão não tinham como objetivo o final da escravidão. Mesmo na independência a unidade nacional em nenhum momento esteve vinculada diretamente à escravidão, ou seja, o que explicava o prolongamento da escravidão não se resumia a manutenção da unidade territorial do país.[3]
[1] CORTESÃO, Jaime.
Alexandre Gusmão e o Tratado de Madrid, v.I, São Paulo: Funag, 2006, p.47, 64
[2] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1979, p.363
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