Sacerdotes de ordens religiosas, inclusive a Companhia
de Jesus, tinham escravos, por exemplo Frei Manuel Calado (do Salvador) (1584 –1654) da Ordem de São Paulo da
Congregação dos Eremitas tinha 25 escravos à época da das Invasões holandesas
do Brasil, em Pernambuco.[1] Um
documento de 1775 mostra que os frades carmelitas descalços de Nossa Senhora do
Carmo da Bahia tinham 34 escravos e 7 escravas. As 81 clarissas no Mosteiro do
Desterro na cidade de Salvador tinham 290 escravos e 8 escravas.[2] José do Patrocínio
era filho de um padre com uma de suas escravas.[3] Entre as
propriedades da Companhia de Jesus destacava-se a Fazenda Santa Cruz que chegou
a ter 1200 escravos que gozavam de significativa autonomia, com permissão de
cultivar suas roças, comercializar seus produtos, dispondo de periódicas folgas
no trabalho regular para cuidar de seus interesses. Segundo Couto Reis (1804) o
sistema jesuítico era “criador, piedoso, econômico, preocupado com a
sobrevivência dos escravos chefes de família que deveriam viver contentes,
vestir-se e manter suas mulheres, ficando a subsistência dos filhos por conta
da fazenda”.[4]
[1] MARTINS, Wilson.
História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 248
[2] MATOS, Henrique.
Caminhando pela história da Igreja, Belo Horizonte: O lutador, 1995, p. 132
[3] CARVALHO, José Murilo. A construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012, p. 26
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