quarta-feira, 26 de maio de 2021

Diversidade da economia mineira do século XVIII

 

A urbanização que se verifica no século XVII em torno de cidades como Sabará, Vila Rica (Ouro Preto), São João del Rei entre outras cidades contribuiu para organização de um mercado interno em torno de produtos como gado, couro e carne salgada. Antonil testemunha o aumento do comércio de produtos de luxo para a elite mineira: ”tanto que se viu a abundância do ouro que se tiirava e a largueza com que se pagava tudo o que lá ia, logo se fizeram estalagens e logo começaram os mercadores a mandar às minas o melhor que chega aos navios do Reino e de outras partes, assim de mantimentos, como de regalo e de pomposo para se vestirem, além de mil bugiarias de França, que lá também foram dar”.[1] O movimento de urbanização, contudo, é incipiente para alavancar o desenvolvimento tecnológico no país: “a revolução tecnológica e científica, que em outras regiões do mundo aparece associada ao processo de urbanização e industrialização, é frustrada pela posição dependente que o país ocupa no mercado mundial, pela importação de tecnologia necessária, pela existência de abundante mão de obra barata e pela debilidade do mercado interno”.[2] Russell Wood destaca o papel do mercado interno ilícito de produtos como gêneros alimentícios, escravos e mercadorias para as áreas mineradoras como uma prática significativa, com registrados facilmente burlados assim como mercados não registrados de mascates.[3] João Antonio de Paula mostra que mesmo com a crise da mineração do ouro de Minas gerais na segunda metade do século XVIII a província não perdeu seu dinamismo econômico, mantendo-se como a mais populosa do Império diante da expansão de atividades como a produção de açúcar, aguardente e rapadura bem como a exploração de minas substerrâneas por empresas estrangeiras e incorporação de novas tecnologias à indústria de mineração, bem como manufaturas de ferro e extensa indústria têxtil doméstica, uma diversividade econômico que é mostrado no trabalho de Roberto Borges Martins (figura) em A economia escravista de Minas Gerais no século XIX[4].

[1] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 23

[2] COSTA, Emília Viotti. Da monarquia à República: momentos decisivos, São Paulo:Brasiliense, 1987, p.225

[3] RUSSELL WOOD, A. Histórias do Atlântico português, São Paulo: UNESP, 2021, p. 324

[4] CARVALHO, José Murilo. A construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 190



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