A urbanização que se
verifica no século XVII em torno de cidades como Sabará, Vila Rica (Ouro
Preto), São João del Rei entre outras cidades contribuiu para organização de um
mercado interno em torno de produtos como gado, couro e carne salgada. Antonil
testemunha o aumento do comércio de produtos de luxo para a elite mineira:
”tanto que se viu a abundância do ouro que se tiirava e a largueza com que se
pagava tudo o que lá ia, logo se fizeram estalagens e logo começaram os
mercadores a mandar às minas o melhor que chega aos navios do Reino e de outras
partes, assim de mantimentos, como de regalo e de pomposo para se vestirem,
além de mil bugiarias de França, que lá também foram dar”.[1] O movimento de urbanização, contudo, é incipiente para alavancar o
desenvolvimento tecnológico no país: “a
revolução tecnológica e científica, que em outras regiões do mundo aparece
associada ao processo de urbanização e industrialização, é frustrada pela
posição dependente que o país ocupa no mercado mundial, pela importação de
tecnologia necessária, pela existência de abundante mão de obra barata e pela debilidade
do mercado interno”.[2] Russell Wood destaca o papel do mercado interno ilícito de produtos como
gêneros alimentícios, escravos e mercadorias para as áreas mineradoras como uma
prática significativa, com registrados facilmente burlados assim como mercados
não registrados de mascates.[3] João Antonio de Paula mostra que mesmo com a crise da mineração do ouro de Minas
gerais na segunda metade do século XVIII a província não perdeu seu dinamismo
econômico, mantendo-se como a mais populosa do Império diante da expansão de
atividades como a produção de açúcar, aguardente e rapadura bem como a
exploração de minas substerrâneas por empresas estrangeiras e incorporação de
novas tecnologias à indústria de mineração, bem como manufaturas de ferro e extensa
indústria têxtil doméstica, uma diversividade econômico que é mostrado no
trabalho de Roberto Borges Martins (figura) em A economia escravista de Minas Gerais
no século XIX[4].
[1] ALBUQUERQUE, Manoel
Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro:
Graal, 1981, p. 23
[2] COSTA, Emília Viotti.
Da monarquia à República: momentos decisivos, São Paulo:Brasiliense, 1987,
p.225
[3] RUSSELL WOOD, A.
Histórias do Atlântico português, São Paulo: UNESP, 2021, p. 324
Nenhum comentário:
Postar um comentário