Vitor Hugo destaca a Exposição de 1867 em Paris como a “grande convenção pacífica”.[1] Em maio de 1889 realizada em Paris, a exposição internacional marcaria a inauguração da Torre Eiffel [2]. O visconde de Vogué apresenta a Torre Eiffel como simbolismo de seu tempo: “a força do ferro impelida pela razão” uma ode à modernidade e as virtudes do progresso.[3] Roland Barthes por sua vez destaca a “inutilidade libertadora” da Torre Eiffel. A exposição em comemoração ao centenário da Revolução Francesa teve o Brasil como a única monarquia participante do evento, tendo em vista que o boicote das monarquias europeias. O pavilhão brasileiro foi construído próximo a Torre Eiffel.[4] Margarida de Souza Neves considera as exposições como verdadeiras “vitrines do progresso”.[5] Regina Dantas[6] destaca que na exposição brasileira em 1889 a participação do diretor do Museu Nacional Ladislau Neto e o enfoque para fortalecer as riquezas naturais e antropológicas do país junto às civilizações europeias. O pavilhão brasileiro tinha três andares de ferro e vidro numa excelente localização no campo de Marte próximo à Torre Eiffel.[7] A Exposição torna-se ocasião para divulgar as pesquisas feitas no Museu Nacional. Algumas das máquinas e produtos apresentados nas Exposições Nacionais foram incorporados ao acervo do Museu Nacional[8]. Alda Heizer por sua vez ao analisar os catálogos de instrumentos científicos, relatórios, memórias, revistas científicas, entre outras fontes, da exposição de 1889 argumenta que o Império do Brasil pretendia desfazer a imagem de flor exótica nos trópicos.[9] Para Marina Machado e Mônica Martins as exposições universais do século XIX foram marcados como espetáculos antropológicos ao exibir a fase exótica do mundo não europeu e como meio para projetar os valores fundamentais para ratificação da dominação imperialista no mundo.[10] Na exposição de 1889 a presença do imperador no evento foi registrada inclusive no Guide Bleu du Figaro et du Petit Journal, um guia da exposição que pertenceu ao Imperador.[11] A exposição comemorava o centenário da Revolução francesa que derrubou a monarquia francesa, situação que causou constrangimento entre os estrangeiros uma vez que o Brasil era uma das últimas monarquias presentes. [12]
[1] CROUZET, Maurice.
História Geral das Cicilizações – o século XIX, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil,
1996, p. 231
[2] SCHWARCZ, Lilia. As barbas do
imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia das Letras,
1998, p. 391-397.
[3]PESAVENTO, Sandra
Jatahy. Exposições universais: espetáculos da modernidade do século XIX, São
Paulo: Hucitec, 1997, p.180
[4] LAGO, Pedro Correa.
Brasiliana IHGB 175 anos, Rio de Janeiro:Capivara, 2014, p. 525
[5] NEVES, Margarida de
Souza. As vitrines do progresso: O Brasil nas exposições internacionais, Rio de
Janeiro, PUC-RJ, 1986
[6] DANTAS, Regina. Um
museu a serviço das ciências e do império: a participação do Museu Nacional na
Exposição Universal de Paris em 1889. Livro de Anais do Programa de pós
graduação em História das Ciências e das técnicas e Epistemologia HCTE,
Scientiarum Historia II, Encontro luso-brasileiro de História das Ciências,
2009, p.433-439
[7] CARVALHO, José Murilo. A
construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 157
[8] BORGES, Maria Eliza
Linhares. Inovações, coleções, museus. Belo Horizonte: Autêntica, 2011, p. 11
[9] HEIZER, Alda. Observar
o céu e medir a terra. Instrumentos científicos e a participação do Império do
Brasil Na Exposição de Paris de 1889. 2004. Tese (Doutorado). Programa de
Pós-graduação em Ensino e História das Ciências da Terra. Unicamp, 2004
[10] MACHADO, Marina
Monteiro; MARTINS, Monica de Souza Nunes. A modernidade nas teias da floresta:
o Brasil na exposição Universal da Filadélfia de 1876. Geosul, Florianópolis,
v. 32, n. 65, p. 70, nov. 2017
[11] DANTAS, Regina Maria
Macedo Costa. A casa do imperador: do Paço de São Cristóvão ao Museu Nacional.
Tese de mestrado em Memória Social do programa de pós graduação em Memória
Social UFRJ, Rio de Janeiro, 2007,
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