Na Companhia de Jesus o padre Jorge Esteves é apontado
como primeiro carpinteiro, também encarregado de administrar fazendas de gado. No
início do século XVII a Confraria dos Ofícios mecânicos no Colégio Jesuíta da
Bahia contava com apenas oitenta membros.[1] O
sapateiro Manoel Gomes é registrado em 1682 na Companhia de Jesus tendo
exercido atividades de enfermeiro e farmacêutico. O padre Serafim Leite em sua História da Companhia de Jesus dedica um
volume as Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil no período 1549 a 1760. Os artesãos que sabiam consertar moendas e
rodas d’ água dos engenhos de açúcar eram muito procurados.[2] José Anchieta foi um fabricador
manual de alpercatas, o principal calçado utilizado pelos jesuítas no Brasil
colonial: “e sou já bom mestre e tenho
feito muitos para os irmãos, porque não se pode cá andar pelos matos com
sapatos de couro”[3]. Em
carta Manuel da Nóbrega informa: “Quase nenhuma das artes necessárias para o
comércio da vida deixam de fazer os irmãos: fazemos vestidos, sapatos,
principalmente alpercatas de um fio, como cânhamo, que nós outros tiramos duns
cardos lançados na água e curtidos, cujas alpercatas, pela aspereza das selvas
e das grandes enchentes de água, é necessário passar muitas vezes por grande
espaço até a cinta, e algumas vezes até o peito, barbear, curar feridas,
sangrar, fazer casas e coisas de barro e
outras semelhantes coisas que se buscam fora, de sorte que a ociosidade não tem
lugar nesta casa”.[4] Entre os
índios o uso de sandálias visava não apenas a proteção dos pés mas também para
despistar o inimigo, e seu hábito conforme observa Sérgio Buarque de Holanda
surge associado a entidades mitológicas como o curupira, de pés as avessas,
presente principalmente do imaginário
dos povos tupi[5].
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