Em janeiro de 1818 os naturalistas alemães Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius visitaram a Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema, como descrito no livro “Viagem pelo Brasil”. Esse caráter ambivalente da política da metrópole, em que ao mesmo tempo publica Alvará proibindo a instalação de fábricas na colônia e permite fábricas metalúrgicas é apontado por Fernando de Novais[1] que aponta como uma perspectiva distorcida da historiografia em se identificar a política de Maria I como “retrógrada” uma vez que a mesma deve ser contextualizada dentro de uma perspectiva que destaca a política de Pombal como “ilustrada”. Para Fernando Novais embora siga os moldes mercantilistas clássicos foi no período de Maria I que Portugal “se abriu mais largamente aos influxos da ilustração europeia”. Joaquim Felício dos Santos contesta a informação do historiador Francisco Varnhagen de indicar a fábrica de seu pai Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen em Ipanema como pioneira na fundição de ferro no Brasil e mostra registros de 1815 que indicam a fábrica do Morro do Pilar como produtora de ferro sob comando do Intendente Geral das Minas na capitania de Minas Gerais, Manuel Ferreira da Câmara Bettencourt formado pela Universidade de Coimbra[2] e o suporte técnico alemão Schonewolf[3] que trabalhara com Eschwege em sua fábrica em Congonhas do Campo. Calógeras aponta o aperfeiçoamento feito por Eschwege no processo de cadinhos introduzido pelos escravos pela introdução de uma trompa hidráulica para injeção de ar no forno, bem como o uso de força hidráulica para movimentar os martelos usando na expulsão das escórias substituindo os martelos manuais usados anteriormente.[4]
[1] NOVAIS, Fernando. Portugal
e Brasil na crise do antigo regime colonial (1777-1808), São Paulo:Hucitec,
1989, p.9, 224
[2] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1979, p.414
[3] LANDGRAF, Fernando.
Notas sobre a história da metalurgia no Brasil (1500-1950), In: VARGAS, Milton.
História da técnica e da tecnologia no Brasil, São Paulo:UNESP, 1994, p. 120
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