Mercúrio inventou a lira ao fazer alguns orifícios nas extremidades opostas de um casco de tartaruga e introduzir fios de linho através desses orifícios, um total de nove cordas em honra das musas.[1] Segundo Martin Jaeger: “a lira é um instrumento de várias cordas e altamente refinado. É mudo para quem o não sabe tocar e gera uma insuportável monotonia, quando se toca uma só das suas cordas. È em saber tocar várias cordas ao mesmo tempo, produzindo não uma estridente dissonância, mas uma bela harmonia, que efetivamente consiste a difícil arte da autêntica paideia”.[2] Para os gregos a paideia representa a cultura, a formação ou educação do corpo e do espírito dos membros da sociedade.[3] Lilian do Valle destaca que o termo paideia, em sua origem, se referia a educação de crianças, a puericultura e somente aos poucos tomou o sentido de cultura em sentido amplo. [4] Para Werner Jaeger: “A harmonia exprime a relação das partes com o todo. Está nela implícito o conceito matemático de proporção que o pensamento grego se figura em forma geométrica e intuitiva. A harmonia do mundo é um conceito complexo em que estão compreendidas a representação da bela concordância dos sons no sentido musical e a do rigor dos números, a regularidade geométrica e a articulação tectônica. È incalculável a influência da ideia de harmonia em todos os aspectos da vida grega dos tempos subsequentes. Abrange a arquitetura, a poesia, a retórica, a religião e a ética [...] Só se une o que se opõe; é do diverso que brota a mais bela harmonia”.[5]
[1] BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia, Rio de Janeiro: Ediouro, 2003,
p. 14
[2] JAEGER, Werner.
Paideia, São Paulo:Ed. Herder, 1936, p.748
[2] CHAUÍ, Marilena.
Convite à filosofia, São Paulo: Ática, 2004, p. 245
[4] VALLE, Lilian. Os
enigmas da educação, Belo Horizonte: Autêntica, 2002, p. 280
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