Na
descrição das técnicas usadas na mineração na colônia Eschwege em Pluto Brasiliensis mostra dúvidas quanto
à época que rodas elevatórias utilizando força hidráulica teriam sido
introduzidas no auxílio à mineração no Brasil. Em Itabira Eschwege projetou um roda
elevatória hidráulica para otimizar a produção do ouro e que consistia de uma
roda de engrenagem fixa no eixo da um roda hidráulica, integrado a pilões,
usados para processar o minério aurífero. Ainda existe um exemplar deste
engenho no Museu do Ouro, em Sabará.[1] João Maurício Rugendas no livro Viagem
pitoresca ao Brasil publicado em 1835 escreve: “tanto do ponto de vista técnico como das leis que o regulam, a
exploração de ouro ainda se encontra no mesmo estado em que se achava na época
da descoberta dessas regiões”. Segundo Julio Katinsky o ouro foi explorado
por instrumentos grosseiros como a pesada gamela de madeira também conhecida
como bateia, ou pela “lavagem” de encostas auríferas em grandes tanques[2].
Charles Boxer destacava o primitivo processo de lavagem e peneiração para
extração do ouro e que usava como único instrumento a bateia.[3] Segundo o viajante inglês do século XIX Richard Burton os garimpeiros que
extraíam o ouro de aluvião eram conhecidos como “faiscadores”[4] em referência às pepitas de ouro que eram como faíscas em meio à lama.[5] O uso do mercúrio ocorre apenas no final do ciclo do ouro[6] o que elevou significativamente a prutividade na extração do metal.[7] Por volta de 1550 já se utilizava o mercúrio para separar a prata do minério
nas minas de Potosi.[8] O metalurgista Bartolomeu de Medina criou o método “beneficio del pátio”
uma técnica para separar a prata de outros minerais com uso do mercúrio. [9] Em relatório de 1799 Veloso Miranda se queixa da ausência de planejamento da
atividade mineira “falta também um meio
de se fazer um cálculo sobre uma mina e segurarem os mineiros quanto é possível
dos seus interesses antes de fazerem grandes, mas inúteis ou melhor diria,
prejudiciais serviços”.[10] Pandiá Calógeras em parecer de 1904 à Câmara dos Deputados sob título “As
minas do Brasil” faz um levantamento histórico de tais técnicas.
[1] http://monlewood.blogspot.com.br/2010/01/historia-das-minas-de-ouro-e-diamante-o.html
[2] KATINSKY, Julio. A
técnica e sua história. In: ARAUJO, Emanuel. Arte, adorno, design e tecnologia
no tempo da escravidão. Secretaria da Cultura de São Paulo, 2013, p.91
[3] BOXER, Charles. A idade
de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São
Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 61
[4] SIMONSEN, Roberto.
História Econômica do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1962, p.274
[5] BURTON, Richard Francis,
1821-1890. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho / Richard Burton ; tradução
de David Jardim Júnior. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2001.
http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/1116
[6] SIMONSEN, Roberto.
História Econômica do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1962, p.286
[7] FURTADO, Celso. Criatividade e dependência na civilização industrial, Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1978, p. 140
[8] HOFFNER, Joseph.
Colonialismo e evangelho, São Paulo:USP, 1973, p.171
[9] COSTA, Marcos. O livro
obscuro do descobrimento do Brasi, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 138
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