Apesar disso é inegável a contribuição dos portugueses no conhecimento baseado no experimentalismo e a compilação dos conhecimentos em navegação e cartografia numa época em que tais registros estavam impregnados de registros fantasiosos. Segundo Luis Albuquerque (na figura): “os dois métodos astronômicos para determinação da latitude baseado no cálculo das alturas meridiana de uma estrela ou do Sol provinham direta ou indiretamente de obras que serviram de instrução os astrólogos dos séculos IX e XIII [...] No entanto o fato das navegações terem, por um lado imposto uma revisão ou uma simplificação de tais processos mostra por outro lado a utilização prática de noções que durante séculos apenas se utilizavam das práticas secretas da astrologia é já uma razão para explicar como a náutica astronômica pôde ser, como na verdade foi, um fator de progresso para a astronomia de posição [...] Não é menos importante salientar que a prática de uma navegação astronômica, bem como a necessidade de serem observadas as condições físicas da atmosfera e dos mares ajudou a criar um clima propício para o surto de um experimentalismo que veio a dar no concurso do século XVI alguns dos frutos mais sazonados da ciência portuguesa”. Em 1484 o rei João II de Portugal indicou uma comissão de matemáticos para elaborar tabelas de declinação do sol a ser usada no mar em conjunto com astrolábios e quadrantes para se determinar a altura do sol ao meio dia e assim, pela consulta às tabelas se avaliar a latitude[1]. Luís de Albuquerque mostra que não há qualquer evidência do uso de navegação astronômica no Mediterrâneo no século XIV. Este foi um aperfeiçoamento dos navegadores portugueses[2] como se observa no Livro de Marinharia de João de Castro de 1516.[3]
[1] GIES, Frances & Joseph.
Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper Collins, 1994, p.278
[2] ALBUQUERQUE, Luis. Introdução a história das descobertas
portuguesas, Lisboa:Europa América, 1959, p. 51
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