Enquanto a Europa discutia as teses de Galileu, Bacon, Descartes, Newton, Huygens, Hobbes, Leibiniz e outros os jesuítas portugueses e espanhóis recusaram-se a difundi-las proibindo sua discussão. O Cursus Philosophicus (1651), do jesuíta Francisco Soares Lusitano se referia a circulação de Harvey, porém, de modo geral os inacianos mantiveram todo este saber restrito ao seu uso privado sem ministrar tal conteúdo nas aulas. Copérnico é mencionado pela primeira vez, ainda que muito brevemente, numa obra portuguesa em André de Avelar em 1590 no almanaque popular Chronografia Repertório dos Tempos, grande parte dele dedicado a temas astrológicos: “e em nossos tempos Copérnico, que disse estar o Sol no meio do mundo, quieto e fixo, e a Terra ser a que se movia; e, ainda, que esse doutíssimo astrônomo supôs isso para suas demonstrações, não é de crer que o entendesse ser assim verdade, senão que deu à Terra aqueles movimentos para melhor conseguir o seu intuito, como também o fez Ptolomeu”, ou seja, o modelo de Copérnico era um mero artifício matemático para simplificar os cálculos, mas não uma proposta de nova cosmologia que desbancasse as teses de Ptolomeu. Mesmo evitando a astrologia judiciaria sobre previsão do futuro, a obra ainda assim foi incluída em 1610 no Index Librorum Prohibitorum[1]. Em 1625, o padre e jesuíta italiano Cristóvão Bruno, professor Colégio de Santo Antão de Lisboa, divulgava a teoria heliocêntrica, mas a refutava em vários pontos.[2] Cristóvão Bruno ensinava também sobre as obras de Tycho Brahe e Galileu, fora, portanto, das universidades portuguesas.[3]
[1] COSTA, Adalgisa Botelho. O repertório dos tempos de André do Avelar e a astrologia em Portugal no século XVI, Mestrado em História da Ciência, Sâo Paulo: PUC/SP, 2001. http://www.ghtc.usp.br/server/Teses/Adalgisa-Botelho-da-Costa.pdf
[2] VILLALTA, Luiz Carlos. A Educação na Colônia e os Jesuítas: discutindo alguns mitos, PRADO, Maria Lígia Coelho; VIDAL, Diana Gonçalves. (Org.). À Margem dos 500 Anos: reflexões irreverentes. São Paulo: Edusp, 2002, p. 171-184 http://www.fafich.ufmg.br/pae/apoio/aeducacaonacoloniaeosjesuitasdiscutindoalgunsmitos.pdf
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