A pólvora foi decoberta
pelos chineses por volta do ano 900 como uma mistura de nitrato de potássio,
carvão vegetal e enxofre. A pólvora é mencionada pelo alquimista Zhao Naian da
dinastia Tang em 808.[1] Frances Gies mostra que os chineses não se limitaram ao uso como fogos de
artifício e logo fizeram uso militar da invenção. Entre os árabes Elmaciano em
História Sarracênica informa eu em 690 Hagiageo tendo cercado Meca usou “morteiros (manganês et mortariis) sacudidos
por meio de nafta e fogo” o que sugere o uso de pólvora. A invenção da
pólvora foi transmitida aos espanhóis através dos árabes.[2] A primeira receita chinesa data de 1044 por Ching Tsao Yao. Por volta de 1200 a
fórmula chegou a Arábia nos escritos de Abd Allah com a primeira arma
operacional em 1304[3].
Em 1241 os mongois que invadiram a Hungria e Polônia usavam pólvora.[4] Hasan al Rammah no século XIII elaborou um catálogo de receitas de pólvora em
seu Livro de equitação militar e
engenhosos aparelhos de guerra.[5] A invenção chegou à Europa no século XIII numa obra de Abu Baitar que a
denomina “neve chinesa”. As primeiras
“bengalas de fogo” foram utilizadas em Perugia em 1364 e em Augsburgo em
1381[6].
Ducange é o primeiro a citar o uso da pólvora na França em 1338 como um recurso
bastante comum nas guerras. Petrarca em Remeddie de varia fortuna de 1344
corrobora esta opinião[7].
Marcos o grego no Liiber Ignium no
século XIII descreve a mistura de carvão e enxofre na proporção de um para
dois.[8] O monge Bertoldo Schwartz no monastério de Freiburg segundo o livro Fireworks
Book de 1410 faz seus experimentos com pólvora diante dos colegas que aterrorizados
reconhecem a presença do demônio nas explosões[9].
Por volta do século XV embora os ingredientes estivessem determinados não havia
ainda sido estabelecida a correta proporção dos componentes para que a pólvora
fosse um eficiente explosivo, o que somente viria a ocorrer com o
desenvolvimento da química moderna[10].
[1] IANNACCONE, Isaia.
Ciência e técnica na China. In: ECO, Umberto. Idade média: bárbaros, cristãos e
muçulmanos, v.I, Portugal:Dom Quixote, 2010, p.480; GIES, Frances & Joseph.
Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper
Collins, 1994, p. 95
[2] CHAGAS, Manuel
Pinheiro. História de Portugal, Lisboa, v.2, p.354
[3] LEWIS, Brenda. Great civilizations, Parragon:London, 1999, p.84
[4] HOGBEN, Lancelot. Las
matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 484
[5] MOSLEY, Michael.Uma
história da ciência. Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 60
[6] DELUMEAU, Jean. A
civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.I, p.185
[7] CHAGAS, Manuel Pinheiro.
História de Portugal, Lisboa, v.2, p.354
[8] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books,
1963, p. 333
[9] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books,
1963, p. 335
[10] PHILBIN, Tom. As 100
maiores invenções da história, Rio de Janeiro:DIFEL, 2006, p.38
[11] Uma breve história das
descobertas: da antiguidade ao século XX, São Paulo:Escala, 2012, p. 35;
CHILDRESS, David Hatcher. A incrível tecnologia dos antigos, São Paulo:Aleph,
2005, p. 155
[12] CANTU, Cesare. História
Universal, volume XIV, São Paulo:Editora das Américas, 1955, p. 3774
[13] BONILLA, Luis. Breve
historia de la técnica y del trabajo, Madrid:Ed. Istmo,1975, p.159
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