A exposição universal dos Estados Unidos foi oficialmente aberta em 10 de maio de 1876 no Independence Hall, onde foi assinada a Declaração de Independência dos Estados Unidos, sendo o imperador brasileiro a maior autoridade estrangeira a estar presente no evento. O Brasil contribuiu com 150 mil dólares para o evento. O imperador nesta década de 1870 se tornara alvo da crítica pela imprensa por suas viagens entre os quais as caricaturas de Angelo Agostini da “Revista Illustrada” e Rafael Bordalo, amigo de Eça de Queiroz, e dono de “O mosquito”. Em 1876 Pedro II esteve praticamente ausente do país.[1] Os gastos excessivos nas viagens também eram objeto de questionamentos.[2] A participação brasileira no evento deu novo impulso ao comércio de café do Brasil com os Estados Unidos.[3] Frederick Hartt que trabalhava como oficial do governo brasileiro ao liderar a Comissão geológica do Império criada em 1875 foi o organizador da amostra de minerais do Brasil na Exposição da Filadelfia em 1876 [4]. Os expositores brasileiros ganharam dois diplomas especiais pela qualidade do café exposto e 34 medalhas sendo dez de fazendeiros do Rio de Janeiro. [5] Uma charge publicada na Harper’s Bazar de 27/05/1876, mostra os "acompanhantes" do imperador chamados de "Bray-silly-uns", onde a palavra bray significa "zurrar" e silly “estúpidos” representados com cabeças de animais como burros e gansos em referência as “asneiras” e comentários estúpidos pronunciados pela comitiva do imperador. [6] na exposição de 1851 os únicos participantes não europeus que receberam elogios por seus progressos industriais foram Canadá e Austrália, ambas ainda colônias, os demais demonstravam uma impressão de atividade industrial ainda “semi selvagem, infantil e já ultrapassada” conforme relatório da Comissão alemã. O New Herald em artigo publicado um mês antes da chegada de Pedro II destaca em tom elogioso: “Pedro II é um príncipe de uma lilnhagem antiga e ilustre. Descende diretamente da casa dos Bourbons, Branganza e Habsburgo, três das casas reinantes no mundo. Por este posto apenas, na medida em que neste país desprovido de cerimônia estejamos dispostos a considerar posto, o Imperador é merecedor da mais alta consideração”.[7] Segundo o livro Dom Pedro the Magnanimous,Second Emperor of Brazil, publicado pela historiadora Mary Wilhelmine Williams, em 1937, um admirador do imperador escreveu ao jornal The New York Herald lançando de forma bem-humorada uma chapa presidencial encabeçada pelo imperador para as eleições de 1876. "De nossa parte, nomeamos Dom Pedro e Charles Francis Adams (descendente de John Adams, um dos “pais fundadores” dos EUA) para nossa chapa do Centenário para presidente e vice-presidente. Estamos cansados de pessoas comuns e temos a disposição de seguir em frente com estilo", opinou o colaborador da publicação. Os jornais Public Ledger e Daily Transcript elogiaram a participação brasileira. O suntuoso Illustrated Register of the Centennial Exhibition deu destaque a participação brasileira. Segundo Teresa Cribelli: “A visibilidade da nação tropical nos Estados Unidos nunca esteve tão alta quanto no ano do centenário daquele país”.[8]
[1]SCHWARCZ, Lilia;
STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia, São Paulo:Cia das Letras, 2015, p.303
[2] SCHWARCZ, Lilia;
STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia, São Paulo:Cia das Letras, 2015, p.304
[3] PESAVENTO, Sandra
Jatahy. Exposições universais: espetáculos da modernidade do século XIX, São
Paulo: Hucitec, 1997, p.156
[4] CECILIA, Ana; MARTINS,
Impellizieri; SOHACZEWSKI, Monique. As descobertas do Brasil, Rio de Janeiro:
Casa da Palavra, 2014, p.109
[5] ALEGRIO, Leila Vilela.
O café no vale do paraíba fluminense no século XIX, Rio de Janeiro:Fecomércio,
2008, p.9
[6] PESAVENTO, Sandra
Jatahy. Exposições universais: espetáculos da modernidade do século XIX, São
Paulo: Hucitec, 1997, p.157
[7] CECILIA, Ana; MARTINS,
Impellizieri; SOHACZEWSKI, Monique. As descobertas do Brasil, Rio de Janeiro:
Casa da Palavra, 2014, p.116
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