Cristóvão Colombo no seu exemplar de Historia rerum ubique gestarum livro escrito por Eneias Piccolomini futuro papa Pio II em 1458 sublinhou o texto em que se refere a uma terra de amazonas não no continente mas numa ilha, um mito que foi realimentado com a descoberta das Americas. O padre Cristoval de Acuña se refere que “o tempo descobrirá a verdade se estas são as amazonas afamadas dos historiadores, que tesouros encerram em suas terras para enriquecer a todo o mundo”.[1] Walter Ralleigh no século XVI se refere as amazonas como mulheres guerreiras que trocavam ouro por pedras de jade ou uma variedade de feldspato chamada de amazonita. Sua existência também é relatada na mesma época por Hernando de Rivera no Paraguai e por André Thévet, ou por Jean Mocquet em 1617[2]. Segundo o relato de frei Gaspar de Carvajal (1504-1584) os próprios índios alertaram Francisco de Orellana sobre as amazonas e sugeriam que fossem “ver as amazonas, que na sua língua era coniupuiara, o que significava grandes senhoras, mas que prestássemos atenção no que fazíamos, porque éramos poucos e elas muitas, para que não nos matassem”. [3] Frei Gregorio Garcia em Origen de los índios del Nuevo Mundo e Indias Ocidentales publicado em 1607 sugerira que as amazonas encontradas no Brasil eram mulheres guerreiras que teriam vindo da Grécia a partir da viagem dos argonautas gregos. Segundo a lenda mulheres amazonas que teriam atacado Orellana em 1541 retiravam pedras conhecidas como muiraquitãs de um lago chamado espelho da lua para presentear os homens que as visitavam anualmente.[4] Padre Manuel da Nóbrega em Cartas ao Brasil se refere a índios que tiveram contato com as Amazonas e que guerreavam com elas: “são estas as Amazonas tão guerreiras, que vão a guerra contra ees, e os mais valentes que podem tomar, destes concebem. E se parem filho, dão-no a seu pai ou o matam, e se filha criam-na e cortam-lhe o peito direito”.[5] O padre Simão de Vasconcelos (1597-1671) se refere a “finalmente há outra nação de mulheres também monstruosas no modo de viver (são as que chamamos hoje de Amazonas, semelhantes às da Antiguidade, e de que tomou o nome do rio), porque são mulheres guerreiras, que vivem por si sós, sem comercio de homens, habitam grandes povoações de uma província inteira, cultivando as terras, sustentando-se de seus próprios trabalhos. Vivem entre grandes montanhas, são mulheres de valor conhecido que se tem conservado sem o consórcio de varões [...] Criam entre si só as fêmeas deste ajuntamento, os machos matam ou os entregam as mais piedosas aos pais que os levam”.[6]
[1] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do Paraíso. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.
30
[2] PRIORE, Maria del.
Histórias da gente brasileira, V.1 Colônia, Rio de Janeiro:Leya, 2016, p. 50
[3] AQUINO, Fernando,
Gilberto, HIran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000,
p.196
[4] MENDES, Josué Camargo.
Conheça a pré história brasileira, São Paulo: USP, Polígono, 1970, p. 101
[5] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do Paraíso. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.
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