sábado, 17 de abril de 2021

André Rebouças e a sociedade escravocrata

 

Em 1883 André Rebouças destacava o papel da modernização na extinção da escravidão.[1] Convidado a um sarau dançante no palácio imperial, o engenheiro negro André Rebouças teria sido recusado por várias senhoras para uma dança ao que o Conde D’Eu atravessou o salão para buscá-lo para fazer par com a princesa Isabel e assim poder dançar diante de todos em um desafio a uma sociedade escravocrata e preconceituosa. Em seu diário André Rebouças explica que essa versão foi inventada por um pequeno jornal da época Os ladrões de Casaca, quando na verdade ele dançou com senhoras de primeira nobreza da Corte como a Senhora Viscondessa de Lajes.[2] Para André Rebouças: “é necessário aplicar à indústria de produção e preparação do café a liberdade humana, o primeiro e mais enérgico agente do progresso”.[3] Segundo André Rebouças "Devemos a um filho da grande República, ao infatigável Engenheiro Mecânico – William Van Vleck Lidgerwood – a iniciativa de todos os melhoramentos introduzidos, nestes últimos anos, nos mecanismos de beneficiar café”. Ao discursar na Escola Politécnica no dia da assinatura da lei Áurea André Rebouças: “Foi a Escola Politécnica quem doutrinou a abolição. O futuro pertence aos filhos desta Escola. A Escravidão durou três séculos. A triangulação do Brasil vai durar também três séculos, a divisão de terra, as estradas, os canais, os caminhos de ferro, os rios navegáveis, os portos do mar serão feitos por vós. Aos engenheiros todo o trabalho da constituição da democracia rural brasileira. Viva a Escola Politécnica”.[4]

[1] REBOUÇAS, A. Agricultura nacional: estudos econômicos. Rio de Janeiro: Typographia A. J. Lamoreux, 1883.

[2] LACOMBE, Lourenço Luiz. Isabel a princesa redentpra, Petrópolis: Instituo Histórico de Petrópolis, 1989, p.166

[3] GRAHAM, Richard. Grã Bretanha e o início da modernização no Brasil 1850-1914, Rio De Janeiro: Brasiliense, 1973, p. 168

[4] O País, Rio de Janeiro, 16/05/1888. BARBOSA, Francisco de Assis. Dom João VI e a siderurgia no Brasil, Brasília:Batel, 2010, p.52



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