Em
1711 Antonil estima que cada escravo podia cortar até 350 feixes de cana de
açúcar por dia, tendo o dia livre após alcançada esta cota.[1] Nelson Werneck Sodré destaca que “é
inegável que a produtividade do trabalho escravo era baixa. Na história
colonial, como já foi observado, por isso mesmo, tudo se mede em quantidade e
não em qualidade. Trata-se aqui de produção em grande escala, submetida à
monocultura, arrimada em técnicas primitivas e deficientes fundada em mão de
obra numerosa, mas qualitativamente inferior, em que o escravo não é visto como
indivíduo, mas como multidão. Mas é também exato que a qualidade do trabalho do
negro, e mesmo a do índio, era melhor do que a apresentou quando escravo. Só se
tornou pior com a escravidão. Esta é que arruinou os seus estímulos, destruiu
as suas características, aniquilou as suas riquezas de cultura”.[2] Segundo Emília Viotti: “a negligência e a
má vontade: fazer o menos possível e o pior possível, no maior tempo possível,
seria a regra geral entre os escravos”.[3] A princesa Isabel em Manchester em visita a uma fábrica de aço em 1865 perguntou
para serviria uma grande e pesada enxada que encontrou, ao que o funcionário
respondeu “nos disseram que era para os negros do Brasil, que são tão
preguiçosos que querem, sem esforço, que que só pelo próprio peso da enxada, que
esta caia ao chão e cave sozinha” encerrando com risadas.[4]
Luís
Couty estima que a produtividade dos fazendas de escravos era de 30 a 40
arrobas por mil pés nas regiões de Cantagalo, Rio de Janeiro e Campinas e de 80
a 120 arrobas nas culturas de colonos em Santa Catarina, Sete Quedas, casa
Branca e Limeira.[5] Em
“Vítimas e Algozes” publicada em 1869
Joaquim Manuel de Macedo relata que “o
escravo prejudica o senhor trabalhando maquinalmente, sem incentivo e com má
vontade. Furtando, embebedando-se, adoecendo, fugindo, depredando instrumentos
e animais, abandonando-se à rotina, sem amor à propriedade alheia, incendiando
canaviais, envenenando pessoas e animais e corrompendo moralmente seus
senhores”.[6] Octavio Ianni, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes também concordam
que a produtividade do escravo era inferior ao do trabalhador livre.[7] Ao mesmo tempo Emília Viotti relata que com a imigração, uma das mais
arraigadas convicções dos fazendeiros era a de que a produtividade do escravo
era superior ao do trabalhador livre e isso explica o porquê a maioria das
fazendas do oeste paulista nos anos 1860 continuou a usar escravos como a
principal força de trabalho.
[1] CAMPOS, Raymundo.
Grandezas do Brasil no tempo de Antonil, São Paulo:Atual Editora, 1996, p. 19
[2] SODRÉ, Nelson Werneck.
Formação histórica do Brasil, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1979, p.77
[3] COSTA, Emília Viotti
da. Da senzala à colônia, São Paulo:Unesp, 1998, p. 394
[4] LACOMBE, Lourenço Luiz. Isabel a princesa redentora, Petrópolis: Instituto
Histórico de Petrópolis, 1989, p.103
[5] SZMRECSANYI, Tamás.
Pequen história da agricultura no Brasil, São Paulo: Contexto, 1998, p.47
[6] COSTA, Emília Viotti
da. Da senzala à colônia, São Paulo:Unesp, 1998, p. 467
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