quarta-feira, 3 de março de 2021

Sonolência e indiferença de Pedro II

Às vésperas da Proclamação da República, o Brasil vivia um “período de dificuldades“; além das críticas a um possível Reinado (Conde d’Eu – esposo da Princesa Isabel não era bem aceito pela população), havia uma passividade e inoperância do Império ante às mudanças socioeconômicas que ocorriam à época. "El Rey, nosso Senhor e amo, dorme o sono da ... indiferença. Os jornais, que diariamente trazem os desmandos desta situação, parecem produzir em S.M. o efeito de um narcótico. Bem aventurado Senhor ! Para vós o reino do céu, e para o nosso povo ... o do inferno" Revista Ilustrada ano 12, n.450 de 5 de fevereiro de 1887 Hemeroteca da Biblioteca Nacional Angelo Agostini. "A imagem do velho monarca de longas barbas brancas - consagrada pela representação oficial — também data dessa época e tem na caricatura um grande modelo de difusão. Estamos nos anos 80, e d. Pedro, que ainda não completara sessenta anos, revela cansaço. O imperador dormia nas sessões do IHGB ou quando assistia aos exames do Colégio Pedro II, e se transformava, dessa maneira, no foco de uma série de charges. Em questão estavam a sua personalidade e capacidade de dissimulação, suas pernas finas, a voz estridente; suas viagens, sua mania de erudição, mas sobretudo a sonolência e a formalidade vazia das Falas do Trono, nas quais o imperador era considerado um porta-voz alienado dos interesses do chefe de gabinete. E assim d. Pedro dorme justamente nas atividades de que tanto se vangloria de participar, ou é apresentado como um joguete nas mãos dos políticos que o cercam". (SCHAWARCZ, Lilia. As barbas do imperador, São Paulo: Cuia das Letras, 1998, p. 632)



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