quarta-feira, 3 de março de 2021

O caso do roubo das joias do imperador Pedro II

 Em 16 de março de 1882 depois do baile pelo seu aniversário, as joias da imperatriz Teresa Cristina foram roubadas do Paço Imperial de São Cristóvão (aquele edifício, na Quinta da Boa Vista, no Rio, que, até o incêndio, foi o Museu Nacional). O Chefe de Polícia da Corte, Trigo de Loureiro apurou o caso e chegou aos responsáveis pelo roubo: Manuel Paiva e seu irmão Pedro Paiva, um velho servidor do Palácio. As joias avaliadas em 40$000 (quarenta contos de reis) foram encontradas na casa de Manuel Paiva enterradas em latas pequenas de manteiga. Presos, e apesar de confessar o crime, foram soltos sem terem sido punidos. Manuel Paiva fora excluído da criadagem do Paço por roubos anteriores. Mas continuava na Quinta da Boa Vista, por decisão do imperador. O caso tomou conta dos principais jornais da época. Na “Gazetinha”, de Arthur Azevedo, Aluísio Azevedo e Raul Pompeia, usando o pseudônimo Meilhac do Morro do Nheco, Artur Azevedo publicou uma “ópera bufa”, “Um roubo no Olimpo”. A Revista Illustrada (na figura) narrou o episodio: "Toda essa história é uma indecente farsa e polícia representa um triste papel, obedecendo cegamente à vontade de um poder oculto e misterioso. A polícia diz ter retirados os brilhantes da lama , mas lá deixou ficar a justiça ! Infelizmente o veu de mistério não é bastante espesso para que através dele não se veja um poder que a opinião pública julga, justa ou injustamente, envolvido nesse triste negócio". Na imprensa Em “A Ponte do Catete”, Manuel Paiva aparece como alcoviteiro fornecedor de jovens ao imperador, que, nessa novela de Patrocínio, tem o nome de “Bourbon”. Ao ler a imprensa da época, tem-se a impressão de que essas características de Pedro II eram quase de domínio público – pelo menos entre aqueles que faziam jornais. Raul Pompeia, republicano e abolicionista formado sob a influência de Luiz Gama, escreveu uma pequena obra-prima satírica: As joias da coroa. na análise de Lilia Schwartz: "O alcance do escândalo foi tamanho que as agências telegráficas transmitiram a notícia com proporções exageradas, para o estrangeiro. Demolia-se assim a figura institucional do imperador, cuja popularidade, ao menos na corte, era cada dia menor" [1]

[1] SCWHARTZ, Lilia, As barbas do imperador, São Paulo: Cia das Letras, p. 427; Revista Illustrada nº 292 http://memoria.bn.br/pdf/332747/per332747



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