segunda-feira, 1 de março de 2021

Símbologia macônica nos cadinhos da Casa da Moeda do século XVIII ?

 

Tania Lima[1] interpreta emblemas encontrado nos fundos dos cadinhos usados nos séculos XVIII e XIX na casa da Moeda (atual Paço Imperial no Rio de Janeiro) de proveniência europeia como um reconhecimento de um símbolo da maçonaria, o que mostra que o simbolismo dos cadinhos fizeram deles um suporte ideal para a difusão da ideologia maçônica. A Casa da Moeda funcionou na Bahia de 1695 a 1698 sendo transferida para o Rio de Janeiro[2]. As marcações eram feitas em sua origem e muito possivelmente a Casa da Moeda desconhecia o significado destas marcações. A má qualidade das moedas produzidas na época certamente favoreceu a atuação dos falsários. Na Bahia entre os anos de 1823 e 1829 há a preponderância da circulação de moedas falsas de cobre que compunham a quase totalidade do meio circulante, o que foi possível graças a incapacidade do governo em reprimir a produção e em sustar sua inserção na circulação. Segundo Alexander Trettin: "Na Bahia, a partir de 1826, o governo provincial, representante do poder do Imperador, se viu forcado pelas circunstancias a dar livre curso as moedas falsas de cobre. Demonstrando claramente sua incapacidade de impor o monopólio sobre o sistema monetário e de reprimir efetivamente a produção das moedas falsas que inundavam a praça comercial da Província. Numa curiosa inversão, o Estado, ao invés de coibir a circulação de moedas falsas, passou a aceitá-las".[3]Com relação aos cadinhos com marcações maçônicas encontrados em espaço oficiais, como a Casa da Moeda, no Rio de Janeiro, a Casa dos Contos, em Minas Gerais, a Casa de Fundição do Ouro, em Goiás, não há qualquer conexão com a hipótese de um membro da maçonaria estar falsificando dinheiro para custear sublevações no Brasil. Provavelmente o fabricante que os produzia na região da Boêmia, valia-se do símbolo do quatro de cifra para marcar seus produtos, assim como tantos outros artesãos e manufaturas o faziam.

[1] LIMA, Tania Andrade. Alquimia, Ocultismo, Maçonaria: o ouro e o simbolismo hermético dos cadinhos (séculos XVIII e XIX). Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v. 8/9. p. 9-54 (2000-2001)

[2]SIMONSEN, Roberto. História Econômica do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1962, p.224

[3]TRETTIN, Alexander, O derrame de moedas falsas de cobre na Bahia (1823-1829) , Salvador: UFBA / FFCH-PPGH, 2010. Dissertação (mestrado) – UFBA / FFCH-PPGH, 2010



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