segunda-feira, 1 de março de 2021

Calendário maia

 

Entre os maias o templo de Kukulcán em Chichén Itzá (“nas cisternas do Itzá”)[1] possui uma altura de 30 metros. O templo é composto por diversas plataformas quadradas, empilhadas uma a uma. Cada lado de pirâmide possui uma escadaria com 91 degraus que leva até o templo localizado em seu topo.[2] Como temos quatro escadarias isso totaliza 91 x 4 = 364 degraus. Logo na entrada no templo temos um único degrau, contabilizando no total 365 degraus, representando assim os 365 dias do calendário maia. Na lateral de suas escadarias, a construção possui diversos detalhes triangulares que refletidos pela luz do sol em momentos específicos do ano aclaram o desenho de uma serpente.[3] O Código Dresden que data do século XII possui inúmeras referências ao calendário e astronomia maias entre os quais tabelas de eclipses.[4] Apesar de sua finalidade ser astrológica o Códice de Dresden baseia-se na fórmula de 405 lunações correspondem a 11958 dias, um erro de apenas 7 minutos. O códice de Paris (guardado em na Biblioteca Nacional de Paris e que foi encontrado na região de Chiapas) do século XIV representa o zodíaco maia por meio de diversos animais.[5] O calendário solar maia era formado por 18 meses (1. Pop, 2. Uo, 3. Zip, 4. Zotz, 5. Tzec, 6. Xul, 7. Yaxkin, 8. Mol, 9. Chen, 10. Yax, 11. Zac, 12. Ceh, 13. Mac, 14. Kankin, 15. Muan, 16. Pax, 17. Kayab, 18. Cumku)[6] de 20 dias e 5 dias “nefastos” do Wayeb totalizando o ano solar haab. O calendário cíclico maia de 52 anos consistia em três ciclos, sendo os dois menores de 260 dias (cada dia era representado por um número de 1-13 e um dentre 20 símbolos, totalizando um ciclo de 13x20 dias) denominados Tzolkin[7], Almanaque sagrado[8], ou “Círculo sagrado”.[9] O tzolkin de 260 dias (treze meses de vinte dias – 1.Imix, 2.Ik, 3.Akbal, 4.Kan, 5.Chichan, 6.Cimi, 7.Manik, 8.Lamat, 9.Muluc, 10.Oc, 11.Chuan, 12.Eb, 13.Bem, 14.Ix, 15.Men, 16.Cib, 17.Caban, 18.Eznab, 19.Cauac, 20.Ahau) era combinado o calendário de 365 dias para formar o ciclo de 52 anos, pois calculando-se o mmc de 365 e 260 temos um total de 18980 dias, o que equivale a exatos 52 anos de 365 dias[10]. Ou seja, sincronizados os dois calendários de 260 dias e 365 dias, eles voltaram a apontar para o mesmo dia após 52 anos. No Códex de Dresden é registrado o ciclo de 584 dias do planeta Vênus conhecido pelos maias[11] e pelos incas como Chaska[12], quando o valor astronômico exato é de 583,92 dias[13]. Dada a proximidade do sol e da lua nos céus eles são tomados como irmão, no entanto como Vênus precede o Sol no nascente seguindo-o no poente tornou-se para os maias e astecas símbolo da morte como renascimento.[14] Para os astrônomos maias de Copán 149 meses lunares equivalem a 4400 dias, o que significa 29,53020 dias por mês. No Códice de Paris mostra figuras de um zodíaco[15]. Para os astrônomos maias de Palenque 81 meses lunares correspondem a 2392 dias, o que significa 29,53086 dias por mês. Estes valores se aproximam do valor astronômico atual de 29,53059 dias.[16] Os maias calcularam que 405 luas cheias correspondem a um período de 11960 dias[17] quando o valor astronômico correto é de 11959,888 dias um erro de menos de 5 minutos por ano.[18] Para as medições do dia solar os mais usavam o gnomon uma espécie de mostrador solar rudimentar.[19]

[1] SANTOS, Yolanda Lhuillier dos. Convite à Ciência. São Paulo:Logos, 1965, p.103

[2] LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.54

[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Chich%C3%A9n_Itz%C3%A1

[4] TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média. São Paulo:Difusão, 1959, p. 15; COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. I Madrid:Ed. Del Prado, 1997, p. 120

[5] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 235

[6] TAPAJÓS, Vicente. História da América, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1974, p. 43

[7] MEGGERS, Betty. América pré histórica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 84

[8] PHILLIPS, Ellen, Viagens de descobrimento 1400-1500, Rio de Janeiro:Time Life, 1991, p.157

[9] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.122

[10] LEACH, E. Primitive time reckoning. In: SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, Oxford Clarendon Press, 1958, p. 125

[11] MAHAJAN, Shobhit. História das invenções, Berlim:Verlag, 2008, p. 32; LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.42; SANTOS, Yolanda Lhuillier dos. Convite à Ciência. São Paulo:Logos, 1965, p.113; LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 112; HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.323

[12] RIBAS, Ka W. A ciência sagrada  dos Incas, São Paulo:Madras, 2008, p. 72

[13] STIERLIN, Henri. O suntuoso reino dos maias. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.272

[14] VERDET, Jean Pierre. O ceu, mistério, magia e mito, São Paulo:Objetiva, 1987, p.36

[15] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 112

[16] IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 249

[17] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.325

[18] STIERLIN, Henri. O suntuoso reino dos maias. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.272

[19] IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 250



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