Segundo Guilherme Oncken os sacerdotes egípcios dominavam
a “linguagem dos deuses” estabelecendo uma separação completa entre o
profano e o sagrado: “a consequência
disto era o vulgo não saber o que significavam a ciência e a religião, que a
tradição transmitira e cujas formas seguia com supersticiosa exatidão, ao passo
que o sacerdócio se separava cada vez do povo e vivia num mundo quimérico,
cujos fantásticos ideais não podiam nunca ser postos em prática”.[1] Byron Shafer mostra que o acesso às
forças ocultas podia se dar por meio de sonhos alguns dos quais registrados em
livros dos Sonhos como os de Hor de Sebannytos do século II a.c.[2] Hor de Sebannytos foi um profeta de grande prestigio por ter profetizado com
sucesso ao imperador Ptolomeu VI a retirada dos selêucidas e seu imperador
Antioco IV do Egito o que de fato veio a ocorrer apenas um mês após sua
profecia.[3] A interpretação dos sonhos era uma prática importante uma parte de heka, ou
magia, como praticada no Egito. A profecia de Neferti da época de Amenemhat I previu
acontecimentos terríveis no final do Antigo Império.[4] Flavio Josefo em Contra Apion se refere a relato do historiador Manetho de que
o faraó Amenophis (possvivelmente Amenophis IV 1364-1347 a.c.) desejava se trnar
“observador dos deuses” e consultou um porfeto chamado Amenophis conhecido por
sua habilidade de prever o futuro.[5] O templo de Amun, chamado Umm Ubayd, era o local do famoso oráculo no oásis de
Siwa. Em 332 a.c. Alexandre o Grande foi saudado como faraó pelo oráculo quando
visitou o oásis. O general de Esparta Lisandro, o poeta Píndaro e o geógrafo
grego Strabo visitaram Siwa para assistir a cerimônias com os oráculos
egípcios. A estátua do deus se movia em seu pedestal moveu ao responder as
perguntas indicando uma resposta positiva ou negativa conforme o movimento. Em
alguns centros de culto, as estátuas "falavam" aos fiéis, pois os sacerdotes
podiam estar escondidos dentro do santuário e poderia fornecer uma resposta
abafada, mas audível.[6] Nos festivais religiosos no Egito eram usados artifícios mecânicos de
modo que as estátuas dos deuses pudessem fazer movimentos tais com virar os
olhos ou movimentar as mãos e os pés.[7] Athanasius Kircher se refere a alguns destes engenhos mecânicos dos egípcios[8]. O
Louvre guarda exemplo de uma estátua falante, uma cabeça de chacal cuja
mandíbula inferior era móvel em que através de um barbante podia-se fechar sua
boca.[9]
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