O filósofo romano estoico Epicteto (50 d.c.-130d.c.) foi escravo em Èfeso onde nasceu e seu dono permitiu que estudasse em Roma tornando-se discípulo Musônio Rufo (25 d.c.-95 d.c), que por sua vez era filho de um romano da ordem equestre. Eicteto permaneceu na cidade como liberto até 94 d.c quando um edito de Domiciano expulsou os filósofos da Itália.[1] Em suas cartas Cícero menciona vinte escravos entre os quais os que liam livros os documentos em voz alta para sua comodidade[2]. Um dos escravos de Cícero, Dionísio fugiu levando consigo preciosos livros. Tiro / Tirão era escravo e secretário particular de Cícero, uma função em que se exigia elevado nível cultural.[3] Cícero se refere a Tiro com consideração quando o mesmo adoecera: “O que te peço, meu caro Tirão, é que não hesites em fazer despesa alguma que seja útil para teu restabelecimento. Escrevi a Curio a fim de que te dê tudo que pedires. Prestaste-me inumeráveis serviços em casa, no fórum, em Roma, na província, nos meus negócios privados e público em meus estudos e em minha correspondência [...] Fica certo, meu caro Tirão, de que não existe ninguém que me estime e que não te estime também; de que teu restabelecimento é de grande interesse para mim e para ti, como também constitui preocupação para muitos outros”.[4] Crísipo era um escravo que acompanhava o filho de Cícero, o adolescente Marcus e que igualmente roubou livros de Cícero. Mary Beard sugere que é possível que tais relatos sejam uma fixação de Cícero por sua biblioteca e estima que em meados do século I a.c. cerca de vinte por cento da população na Itália era formada por escravos. [5]
[1] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos,
São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 166
[2] BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga, São Paulo: Planeta, 2010, p. 323
[3] GOMES, Laurentino.
Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.71
[4] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de
Janeiro:Vozes, 1981, p. 204
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