Escribônio Largo em sua Compositiones medicamentorum expõe 21 receitas médicas de origem
popular ou mágica a grande maioria à base de plantas[1]. No
século II o historiador Catão, contudo, expõe seu desprezo pela medicina como
“inútil e perniciosa”.[2] Para
Catão Roma era saudável sem doutores, mas não sem medicamentos – sine medicis sed non sine medicina[3]. Cesare
Cantu destaca o ambiente de superstições em que vivia Roma. Catão discutia
seriamente se um espirro voluntário devia tornar nulas as assembleias por ser interpretado
como uma intervenção dos deuses.[4] Mary
Beard relata que Vespasiano teria curado um cego no Egito ao cuspir em seus
olhos e curado a mão atrofiada de um enfermo ao colocar a planta do pé em cima
dela[5]. Galeno
de Pérgamo no século II, médico particular do imperador Marco Aurelio,
estabeleceu sua doutrina segundo o qual o homem é formado pela pneuma animal
localizada no cérebro, pneuma vital localizada no coração e pneuma natural
localizada no fígado. Uma experiência em um cabrito permitiu Galeno concluir
que as artérias do organismo conduzem sangue e não ar. A experiência o fez
concluir que o sangue circulava impulsionado por uma força atrativa originada
na parede da artéria[6]. Em
outra experiência com um animal vivo conclui que o rim é um órgão excretor de
urina. Com o império romano os médicos passaram a constituir uma categoria
profissional sujeita à regulação do Estado. Cícero se refere aos clínicos,
oculistas e cirurgiões. Em Pompeia foi encontrada uma planta de uma casa de um
médico com um ambulatório para tratamento dos doentes. Em Vindonissa foi
encontrada a planta de um hospital militar[7]. Em
Carnunto e em Novésio nas margens do Reno foram encontradas construções que
podem ter sido hospitais do século I[8]. Na ilha
Tiberina no Tibre foi construído em 291 a.c. um templo de Esculápio[9] que
Suetônio se refere como refúgio de escravos doentes, que pode segundo Charles
Singer ser considerado com um precursor de hospital público.[10] No
século V Marcelo Empírico de Bordeus em um tratado sobre medicamentos inclui
receitas muitas vezes baseadas em excrementos de animais.[11] Plínio
registra conselhos cosméticos contra rugas que inclui o leite de jumenta
aplicado nas bochechas sete vezes por dia. A mulher de Nero, Popeia Sabina,
usava leite de jumenta no banho, motivo pelo qual sempre viajava com uma tropa
de jumentas.[12]
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