A Reforma de 1836 transformou o
Escritório de Patentes dos Estados Unidos em uma repartição separada sob a
direção do Departamento de Estado encerrando a concessão de patentes por
registro, restabelecendo-se o sistema de exame que vigorara nos três primeiros
anos da história do país.[1]
Enquanto em 1836 havia um único examinador, este número aumentou para dois
examinadores em 1837, chegando a 12 examinadores em 1861 e 1866 em 1870. Mario
Biagioli observa que a reforma de 1836 proibiu os examinadores de ter qualquer envolvimento
financeiro com as invenções que examinavam, o que segundo Mario Biagioli não
reflete um receio infundado. Entre 1809 e 1811 o primeiro diretor do escritório
de patentes William Thornton (na figura) intimou Robert Fulton, detentor de diversas
patentes para barcos a vapor, de que suas patentes em exame seriam indeferidas caso
o inventor não concordasse em entrar em sociedade com o próprio William
Thornton para explorar tais invenções.[2]
William Thornton foi superintendente de patentes entre 1802 e 1828 e junto com
John Fitch[3],
concorrente de Robert Fulton, desenvolveu várias invenções sobre barcos a vapor,
o que revelava conflito de interesses[4].
No livro Short Account of the Origin of Steamboats de 1814 Thornton
defendeu a prioridade de Joh Fitch sobre a invenção do barco a vapor.[5]
No mesmo em dezembro 1814, Robert Fulton escreveu uma carta ao Secretário de
Estado (e da Guerra) James Monroe se queixando do conflito de interesses do
superintendente de patentes. O Secretário de Estado Monroe propôs um
regulamento para impedir o Superintendente de ter interesse em patentes, a
partir de fevereiro seguinte, de acordo com restrições semelhantes impostas a
outros funcionários do governo. Thornton respondeu que defendia o que dizia ser
direito que qualquer cidadão dos Estados Unidos. Ele ressaltou que recebia um
salário de apenas $ 1.400 por ano e, portanto, precisava ter renda externa para
viver, e de que não se aproveitara de qualquer informação privilegiada pois um
pedido de patente, quando depositado no Escritório de Patentes, estava datado e
protocolado. Se alguém tentasse aproveitar uma oportunidade para ler tal
documento, isso ficaria claro imediatamente. O Superintendente não tinha
autoridade para recusar uma patente, pois não havia exame de mérito e a patente
somente poderia ser rejeitada por falta de cidadania, testemunhas insuficientes
ou não pagamento de taxas, de modo que ele como superintendente não poderia
afetar o direito de um requerente de obter sua própria patente. Robert Fulton
veio a falecer em fevereiro de 1815. [6]
[1] CAMP, Sprague. A
história secreta e curiosa das grandes invenções.Rio de Janeiro:Lidador, 1964,
p. 48; VOJÁCEK, Jan. A survey of the principal national
patent systems. New York:Prentice Hall, 1936, p.116
[2] BIAGIOLI, Mario. From ciphers
to confidentiality: secrecy, openness and priority in science. The British
Journal for the History of Science., Cambridge University Press, Vol. 45, No.
2, Special Issue: States of Secrecy (June 2012), p. 219 https://www.jstor.org/stable/23275476
[3] https://www.britannica.com/biography/William-Thornton
[4] https://www.uspto.gov/about-us/william-thornton
[5] COOPER, Carolyn. Social construction of invention through patent
management: Thomas Blanchard Woodworking machinery, Technology & Culture,
v.32, 1991, p.960-998
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