sexta-feira, 12 de março de 2021

Moinhos hidraulicos medievais

 

Frances Gies aponta o uso de moinhos horizontais na Armênia em 200 a.c.[1] Ctesibius descreve uma roda dágua no século terceiro, porém não resta mais cópias deste tratado, mas Fílon de Bizâncio (280 a 220 a.c.) como aluno de Ctesíbio desenvolve as rodas dáguas capazes de girar uma roda na parte exterior de um pedestal do qual brota um dio dágua para uso em um templo. A água pode ser elevada a 27 metros e é construída para acionar uma correia de potes através de um mecanismo de correntes, embora Drachman acredite que tal descrição deva ser resultado de inserções de copistas medievais e não original do trabalho de Fílon. Vitruvio (27 a.c) descreve um moinho com a roda dágua na vertical e engrenagens para converter o movimento vertical em movimento horizontal para mover o moinho. Nos moinhos em que a roda d'água é horizontal basta um pequeno volume de água, contudo é necessário alta velocidade para girá-la, perdendo com isso eficiência. Jacques le Goff destaca a adoção de inovações técnicas pelos monges dos mosteiros diante da valorização do trabalho manual[2]. A invenção do moinho de água é atribuída a Orêncio de Auxh que o construiu no lago de Isaby no século IV, enquanto que Cesário de Arles instala um moinho em Saint Gabriel no século VI [3]. Gregório de Tours (538-594) descreve diversos moinhos incluindo um na cidade de Dijon e outro no rio Indre construído pelo abade de Loches, Ursus de Cahors.[4] Já no início do século VIII com Carlos Magno os moinhos haviam se tornado importante fonte de receitas no Capitulare de villis. [5]

[1] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 32

[2] LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p.74

[3] LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 184

[4] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 48

[5] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.608



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