quarta-feira, 24 de março de 2021

Insulae romanas

 

Prédios de apartamentos conhecidos como insulaes foram construídos em Roma com vários andares, no entanto, devido às fundações feitas com tijolo, eram causa de muitos desmoronamentos a ponto que Trajano (27 a.c – 14 d.c) limitar as insulaes a 20 metros ou 70 pés romanos, enquanto que um século mais tarde Trajano reduziu sua altura a 60 pés. [1] As insulae eram comuns em Roma e no porto de Óstia. O epitáfio de um ex escravo inquilino chamado Ancarenus Nothus reflete o lamento pelas condições difíceis de moradia ao morrer: “Não estou mais preocupado se vou morrer de fome. Estou llivre de dores nas pernas e de ter de pagar o aluguel. Tenho comida e casa de graça por toda a eternidade”.[2] Como não haviam elevadores, quanto mais alto os andares mais pessoas viviam em condições próximas a de favelas.[3] Juvenal descreve as condições inadequadas dos que moravam nos andares mais altos quando comparado ao primeiro andar piano mobile: “sem nada para protegê-los da chuva senão as telhas”. Nos três primeiros séculos do império as olarias imprimiam carimbos nos tijolos indicando o nome do proprietário da terra em que eram feitos, o nome do oleiro e às vezes dos cônsules em exercício [4]. Muitas destas inscrições foram úteis para datação dos monumentos romanos como o Pantheon construído entre 118 e 128 d.c sob Adriano [5]. As ruínas mais bem conservadas foram encontradas na rua principal de Óstia, a Decanus Maximus.[6] Uma pesquisa do ano 300 sobre as habitações dos romanos revelou um total de 1797 domus e 46602 insulae [7].



[1]READERS'S DIGEST. Da idade do ferro à idade das trevas: de 1200 a.c. a 1000 d.c, Rio de Janeiro, 2010, p.115

[2] BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga, São Paulo: Planeta, 2010, p. 441

[3] FUNARI, Pedro. Grécia e Roma, São Paulo:Contexto, 2004, p.110

[4] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.145

[5] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.165

[6] Time Life. Roma: ecos da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 57

[7] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 177



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