Caio
Prado Júnior observa que com o fim do tráfico de escravos em 1850 foram
liberados consideráveis recursos para investimentos como por exemplo a fundação
por Irineu Evangelista de Souza da Companhia de Iluminação a gás do Rio de
Janeiro em 1854 com postes fabricados pela fundição de Ponta da Areia em
Niteroi.[1] A imprensa se contagia com as perspectivas de progresso. A lâmpada de Argand
revolucionara a iluminação artificial em 1784 usando óleo como combustível. No
Brasil em fins do século XVIII, começou a iluminação pública por candeeiros à
óleo de baleia. Na tela de Thomas Endler de 1817 é mostrado o uso de candeeiros
com óleo de baleia em torno do chafariz de mestre Valentim no Rio de Janeiro. Sobre
a iluminação a gás na capital o Jornal do Comércio em 2 de março de 1851 exalta
a iniciativa de Irineu Evangelista e escreve: “Viva o progresso de 1851 ! [...] é mais uma fonte de trabalho que se
vai abrir, é mais uma indústria que nasce, é mais um melhoramento de asseio, de
comodidade e segurança pública. Avante ! É esta a palavra da época em que
vivemos, é este o voto de todos aos brasileiros”.[2] Segundo Mauá “reunir os capitais, que
viam repentinamente deslocados do ilícito comércio, e fazê-los convergir a um
centro donde pudessem ir alimentar as forças produtivas do país, foi o
pensamento que me surgiu na mente ao ter a certeza de que aquele fato era
irrevogável”[3].
José Maria da Silva Paranhos faz o mesmo diagnóstico: “a abolição efetiva do tráfico de escravos [...] deixou disponível uma
grande massa de capitais que se empregavam nas especulações da costa da África.
Esses recursos foram novos e fortes estímulos para as tendências pacíficas de
nossa sociedade concorreram poderosamente para o desenvolvimento industrial e
comercial que se observou entre nós”.[4] Nelson Werneck Sodré observa que os anos 1850 experimentaram um período de
grande euforia financeira com novas inciativas comerciais, industriais e
financeiras onde a circulação monetária foi grandemente alargada com a
faculdade emissora concedida ao Banco do Brasil.[5] Para Raimundo Faoro a época revela que “o
país despertava mais para a aventura do que para o progresso”.[6] Em 1866 Mauá vendeu a parte de sua companhia de iluminação a gás aos ingleses. [7] Em Pernambuco parte do capital antes usado no tráfico de escravos passa a ser
empregado em investimentos industrias como a construção de uma fábrica de velas
em 1860, fábricas de tecidos de algodão em 1861, no entanto, os dados mostram
pouco investimento em maquinaria nos engenhos de açúcar até a década de 1870.[8]
Nenhum comentário:
Postar um comentário