Sobre as primeiras navegações portuguesas Luís de Albuquerque menciona a conquista das Canárias em 1341 e a conquista do cabo Bojador em 1434.[1] Uma carta de André Bianco de 1435 indica a sul de Açores viagem realizada muito distante da costa africana, segundo Luís de Albuquerque sinalizando o que se conhecia como “volta pelo largo” para encontrar correntes marinhas e ventos favoráveis se afastava da costa africana para retornar a Portugal mais rápido. Esta nova rota levou os navegadores a buscarem solução de posicionamento baseados na navegação astronômica, tomando como ponto de partida o cálculo de meridiano baseado na medição por um astrolábio da posição da estrela polar tal como sugerido teoricamente por Sacrobosco, ainda que o texto viesse a ter tradução para o português somente em 1509. Os portugueses aperfeiçoaram o método a passaram a usar o quadrante. [2] Luís de Albuquerque conclui com base no depoimento de Diogo Nunes que os portugueses usavam a navegação astronômica já a partir de 1460, o que mostra um intervalo de pouco mais de dez anos para que a navegação pela “volta ao largo” encontra a solução de navegação pela observação astronômica. [3] Com a transposição da linha do equador, quando a estrela Polar não é mais visível, colocou-se o problema de encontrar um outro astro substituto, o que se observa pela primeira vez na carta de mestre João ao rei D, Manuel quando de sua viagem ao Brasil. Na Biblioteca Ambrosiana de Milão existe um portulano da Europa e África desenhado em 1448, em Londres, pelo navegante e cartógrafo veneziano André Bianco em que aparece a referência a uma ilha denomina Ixola Otinticha que Yule Odham e Jaime Cortesão acreditam ser o litoral nordestino. Nessa época, contudo, Portugal ainda estava no início de suas descobertas marítimas e Luís de Albuquerque registra o início da navegação ao largo apenas em 1460. Nessa época ainda não haviam sido introduzidas nas caravelas modificações em dispor as velas latinas no sentido longitudinal e não no transversal, em relação a quilha, permitindo que a caravela se movesse contra o vento, na navegação conhecida como à bolina. Nos originais da carta de André Bianco há referência a distância de 1500 milhas ao poente do continente africano, quando na verdade trata-se de apenas 500 milhas sendo a inserção da unidade de milhar uma adulteração do texto original segundo Marcondes de Souza.[4]
[1] ALBUQUERQUE, Luís de. Ciência e experiência nos descobrimentos portugueses,
Lisboa: Biblioteca Breve, 1983, p. 25
[2] ALBUQUERQUE, Luís de. Ciência e experiência nos descobrimentos portugueses,
Lisboa: Biblioteca Breve, 1983, p. 31, 33
[3] ALBUQUERQUE, Luís de. Ciência e experiência nos descobrimentos portugueses,
Lisboa: Biblioteca Breve, 1983, p. 41
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