O viajante Henry Koster em fins do século XVIII descreve
que “Recife é um lugar próspero,
aumentando dia a dia em importância e opulência”. Os artífices se organizavam
em locais como a rua dos Ferreiros, a rua dos Calafates, a rua dos Carvoeiros,
a rua dos Tanoeiros, a rua dos Barbeiros, dos Ourives e dos Caldeireiros. Lemos
Brito contesta a suposta superioridade da colonização holandesa no Brasil: “dificilmente
o Brasil teria alcançado o desenvolvimento de seu espírito nacional sob o pulso
de ferro dos governos holandeses. A não ser em Recife, onde Maurício de Nassau
se fez cercar de fausto e conforto, construindo moradias e pontes (como a ponte
de Recife) que assegurassem sua defesa e trazendo arquiteto e pintores, tão do
seu refinado gosto, que é que ficou da longa dominação holandesa no Brrasil ?”.[1] Wilson Martins o papel de pintores como Franz Post e A. Eckout, ou Zacarias Wagner,
porém, não pode dizer que esse destaque da pintura holandesa na corte de
Nassau pouco efeito teve sobre as artes da colônia: “Seria gratuito concluir
dá que, reciprocamente possa haver um capítulo holandês na história da pintura
brasileira. È imaginosa, mas pouco fundada na realidade, a ideia de que o
Recife, durante esse período possa ser visto como um quisto da Renascença [como
aponta José Honório Rodrigues e Joaquim Ribeiro em Civilização Holandesa no
Brasil]. A ser verdadeiro, seria, ainda assim, retardatário e anacrônico.
Parece igualmente inflada a afirmativa de que os holandeses e particularmente Maurício
de Nassau tivessem transformado arquitetonicamente a cidade em fruto do renascimento.
A Corte nassoviana é que foi um quisto cultural na Colônia, mas, por isso mesmo
será difícil apontar concretamente para influências que se supõe tivesse
exercido na vida intelectual e artística do país”.[2] Maurício
de Nassau fundou a Cidade Maurícia, uma tentativa de réplica tropical da
capital holandesa, ergueu palácios, um templo calvinista e instalação o
primeiro observatório no Brasil onde seria anotado o eclipse solar de 1640,
criou um jardim botânico em que trabalharam cientistas para o médico William
Piso e o botânico Georg Macgrave [3] que colecionaram
plantas e animais no Brasil, além de estudar doenças tropicais e terapias
indígenas e que segundo Dante Martins Teixeira comenta em "Brasil
Holandês", produziram em 1668 "Historia Naturalis Brasiliae" [4] "a
mais importante obra científica sobre o Brasil até o século XIX". Antes
da inauguração da Ponte do Recife em 1644, atual Ponte Mauricio de Nassau, projetada
pelo arquiteto judeu Baltazar de Affonseca, o Conde de Nassau divulgou
amplamente que na inauguração da ponte faria um Boi Voar, o que foi possível
com uso de um engenhoso mecanismo de cordas e roldanas e um boi empalhado.
[1] BRITO, José Gabriel
Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v.
155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.54
[2] MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São
Paulo:USP, 1976, p. 168
[3] SCHWARCZ,
Lilia; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia, São Paulo:Cia das Letras,
2015, p.61
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