Em 1485 foi impresso em Lisboa o primeiro livro de
autoria do rabino judeu Jacó Bem Ascer com o tíulo Livro do Caminho da Vida.[1] António
Ribeiro dos Santos escreve na sua Memória sobre as Origens da Tipografia em
Portugal no Século xv: “Os primeiros Impressores que apparecêrão entre
nós ... forão Judeos Estrangeiros, que vierão a Portugal de diversas partes de
Itália. A prática em que estavão os Judeus de multiplicarem os exemplares da
Lei para uso de suas Synagogas, e dos mesmos particulares, fazia com que também
se multiplicassem os impressores da Nação”. Em 1561 foi publicado em Goa o
Compêndio Espiritual da Vida Cristã de Gaspar Leão. Em 1590 Macau teria seu
primeiro livro impresso. Segundo o bibliófilo Inocêncio Francisco da Silva a Oração apodíxica é o primeiro livro
publicado por um brasileiro, Diogo Gomes Carneiro em 1641 em uma tipografia em
Lisboa[2]. A
informação de que Maurício de Nassau trouxe uma tipografia para o Brasil no Recife
em 1647 não é confirmada pois Brasilsche
Gelt saclc – Saco de ouro no Brasil
foi na verdade impresso na Holanda. O mestre impressor Pieter Janszoon chegou a
vir ao Brasil, mas morreu assim que chegou.[3] O Alvará
de 20 de março de 1720 proibia letras impressas no Brasil. Em 1744 é publicado
o Exame de Artilheiros e em 1748 o Exame de Bombeiros, ambos do engenheiro
Alpoim, impressos segundo José Mello na tipografia de Antonio Isidoro da
Fonseca no Rio de Janeiro, mas com indicação de impressão em Lisboa e Madrid
para tentar escapar ao controle português[4]. Felix
Pacheco, contudo, mostra que ao comparar as características tipográficas dos
dois livros de fato eles foram publicados no exterior.[5] De
qualquer forma, o livro foi recolhido pelo corregedor de Lisboa. Em 1746
Antonio Isidoro da Fonseca sob os auspícios de Gomes Freire de Almeida[6] trouxe
de Lisboa o equipamento de tipografia e montou uma pequena oficina no Rio de
Janeiro onde pode imprimir a Relação da
Entrada do bispo Antonio do Desterro redigida por Luis Antonio Rosado da
Cunha com dezessete páginas de texto. [7]. Em 1747
Isidoro da Fonseca publicou a Relação de
Entrada, impresso desautorizado de Portugal e logo retirado de circulação. [8] A Carta Régia
de 10 de maior de 1747 dirigida ao
governador geral Gomes Freire de Andrade e a Carta Régia de 6 de junho de 1747 endereçada
ao governador da capitania do Rio de Janeiro ordenou o sequestro de todas as
publicações de imprensa da Colônia e a proibição de novas publicações sob pena
dos responsáveis serem presos e remetidos para o reino [9] “no qual não é conveniente que se imprimam
papeis no tempo presente, nem pode ser de utilidade aos impressores trabalharem
no seu ofício, aonde as despesas são maiores do que no Reino, do qual podem ir
impressos os livros e papeis”.[10] Nesta ocasião foi destruída a oficina tipográfica do jesuíta Francisco de Faria
no Rio de Janeiro.[11] O
Alvará de 16 de dezembro de 1794 condenava o envio de livros e papeis da
metrópole para a colônia. No final do século XVIII mesmo na metrópole o intendente
geral da polícia Diogo Inácio de Pina Manique proibiu livros franceses
revolucionários e a importação de livros para o Brasil. [12] Segundo
Robert Southey: “outra prova de miserável
ignorância política foi não se tolerar no Brasil tipografia alguma antes da
transmigração da corte. Achava-se a grande massa do povo no mesmo estado como
se nunca se houvesse inventado a imprensa”.[13]
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