No livro escrito em 1805 “Memórias sobre uma nova construção do alambique para se fazer toda a sorte de destilações com maior economia, e maior proveito do resíduo” João Manso relata a oposição que encontrou para suas ideias por parte de membros da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, uma agremiação científica fundada em 1786 pelo vice rei Luís de Vasconcelos e Sousa (na figura), tendo como dois sócios notáveis: o poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga e Mariano José Pereira da Fonseca, futuro Marquês de Maricá. A Sociedade é extinta pouco depois em 1794, com seus membros encarcerados na fortaleza da Conceição por ordem do conde de Resende acusados de traição, acusados de “pombalismo” e de difundir os ideias da Revolução Francesa. O próprio João Manso foi membro desta sociedade, porém foi logo julgado inocente [1]. Em 1793 Luis Vasconcelos escreveu uma carta ao conde de Rezende solicitando auxílio aos projetos de João Manso Pereira no fabrico de vernizes e porcelanas.[2] Sílvio Romero observa que “a criação de academias literárias no século XVIII na Bahia e no Rio de janeiro, fenômeno tão mal apreciado por alguns críticos, é, entretanto, um fato altamente significativo. Indica por si só a grande coesão de que já gozava o país, o lazer que tinham as altas classes para o cultivo das letras, o gosto reinante para a poesia e as coisas do espírito”.[3] Para Shozo Motoyama: “essa era a recompensa que recebiam por estarem interessados na cultura, sobretudo, na perigosa cultura científica – berço da ilustração” [4]. Segundo Carlos Filgueiras: “Seu espírito empreendedor e sua disposição para estudar, observar e experimentar eram inusitados na modorra colonial” [5]. Para Wilson Martins a Sociedade Literária foi o que tivemos que mais próximo de um salão literário.[6]
[1]VARNHAGEN, Francisco. História
geral do Brazil, v.2, Rio de Janeiro : Laemmert, 1877, p. 1051; VARNHAGEN,
Francisco Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v.
V, p. 22, 44
[2]VARNHAGEN, Francisco
Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. IV, p. 288
[3]ROMERO, Sílvio.
História da Literatura Brasileira, 2001, t. 1, p.157; MARTINS, Wilson.
História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 301
[4]MOTOYAMA, Shozo.
Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil, São
Paulo:Edusp2004, p. 112
[5]FILGUEIRAS, Carlos.
Origens da química no Brasil, Campinas:Ed. Unicamp., 2015, p.107
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