quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Sociedade de Assinantes da Praça

 

Jobson Arruda mostra que após 1796 enquanto se observa uma fase de declínio do ouro e o açúcar observava leve ascensão, as exportações brasileiras saltaram de 3,2 milhões de libras em 1796 para 3,8 milhões de libras em 1807, o que somente pode ser explicado pela diversificação da pauta de exportação brasileira.[1] Jorge Caldeira mostra que em fins do século XVIII o mercado interno representava algo como 84% do total da economia, índice similar ao atual. [2] Sérgio Buarque de Holanda destaca que “a avassaladora preeminência de proprietários rurais no início do século XIX não passa de um mito” uma vez que o primeiro Reinado tinha como elites representativa a classe de negociantes e menos a classe da aristocracia agrária. [3] Dauren Alden e Stuart Schwartz destacam a ascenção do capital mercantil de uma nova elite econômica formada por mercadores e negociantes. [4] O prédio da Sociedade dos Assinantes da Praça na Praça do Comércio do Rio de Janeiro (na figura) inaugurada em 1820 onde se reúnem os comerciantes da cidade é um reflexo desta ascenção. No ano seguinte, contudo, o prédio é abandonado em protesto dos homens de negócio contra a repressão a um protesto que eles haviam feito contra o retorno de D. João VI a Portugal. Um novo prédio seria inaugurado em 1834. Para Jorge Caldeira os dados mostram que “a economia brasileira, já a partir do século XVIII, poderia estar andando pelas próprias pernas. Teria então uma trajetória construída na oposição aos desígnios de seus dirigentes, inclusive no que se refere ao essencial: acumular capital suficiente para sustentar seu crescimento. Mais ainda., deveria basear esse crescimento em seu mercado interno, nas frestas deixadas em aberto”. 

[1]CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista, São Paulo:Ed. 34, 1999, p. 239, 240; CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.159

[2] CALDEIRA, Jorge. História do Brasil com empreendedores, São Paulo:Mameluco, 2009, p.18, 296; CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.160

[3] MOREIRA, Regina da Luz; FONTES, Paulo. A casa do empresário: trajetória da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: FGV, 2009, p.47

[4] MOREIRA, Regina da Luz; FONTES, Paulo. A casa do empresário: trajetória da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: FGV, 2009, p.49



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