segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Sêneca e a escravidão

 

Sêneca, que foi assessor do imperador Nero [1], mostra uma posição tolerante com a escravidão: “A alma reta, boa, grande pode encontrar-se tanto em um cavaleiro romano ou em um liberto como em um escravo. O caminho da virtude a ninguém se acha vedado, está aberto a todos, livres, libertos, escravos, reis, desterrados. Labora em erro quem crê que a escravidão penetra todo o homem: a melhor parte ache-se livre dela: os corpos estão sujeitos e consignados ao amo, mas a alma permanece dona do seu direito próprio, não pode dar-se em escravidão [...] És um escravo ? Mas talvez de alma livre. Por acaso [a escravidão] isso lhe causará dano ? Mostra-me então alguém que não seja um escravo: um da luxúria, outro da avareza, outro da ambição, todos da esperança, todos do temor. Não existe nenhuma escravidão mais vergonhosa do que a voluntária”.[2] Sêneca recomenda o tratamento humano aos escravos: “Lembre-se por favor que o chamado “escravo” é um homem como você, vivendo sob o mesmo sol, respirando, movendo-se e sendo mortal como você. Você pode desprezar a sorte de um escravo quando você pode ter o mesmo destino ? Não desejo envolver-me na discussão do nosso tratamento dos escravos, que me parece demasiadamente severo, sádico e insultante. Meu conselho é simples: trate seus inferiores como desejaria ser tratado por seus superiores. Quando pensar que pode fazer o que quiser com seus escravos, lembre-se que o mesmo pode ser feto por seu patrão”. [3]

[1]VAINFAS, Ronaldo. História volume único, Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 71

[2]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 162

[3]FUNARI, Pedro. Roma vida pública e vida privada, São Paulo: Atual, 1993, p. 64



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