Sêneca, que foi assessor do imperador Nero [1], mostra
uma posição tolerante com a escravidão: “A alma reta, boa, grande pode
encontrar-se tanto em um cavaleiro romano ou em um liberto como em um escravo.
O caminho da virtude a ninguém se acha vedado, está aberto a todos, livres,
libertos, escravos, reis, desterrados. Labora em erro quem crê que a escravidão
penetra todo o homem: a melhor parte ache-se livre dela: os corpos estão
sujeitos e consignados ao amo, mas a alma permanece dona do seu direito
próprio, não pode dar-se em escravidão [...] És um escravo ? Mas talvez de alma
livre. Por acaso [a escravidão] isso lhe causará dano ? Mostra-me então alguém
que não seja um escravo: um da luxúria, outro da avareza, outro da ambição,
todos da esperança, todos do temor. Não existe nenhuma escravidão mais
vergonhosa do que a voluntária”.[2] Sêneca
recomenda o tratamento humano aos escravos: “Lembre-se por favor que o
chamado “escravo” é um homem como você, vivendo sob o mesmo sol, respirando, movendo-se
e sendo mortal como você. Você pode desprezar a sorte de um escravo quando você
pode ter o mesmo destino ? Não desejo envolver-me na discussão do nosso
tratamento dos escravos, que me parece demasiadamente severo, sádico e
insultante. Meu conselho é simples: trate seus inferiores como desejaria ser
tratado por seus superiores. Quando pensar que pode fazer o que quiser com seus
escravos, lembre-se que o mesmo pode ser feto por seu patrão”. [3]
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