segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Descaroçador de algodão de Whitney no Brasil

 

Na produção doméstica do fio de algodão na zona urbana de São Paulo a tarefa era predominantemente feminina é exercida em sua maioria por mulatas fiandeiras [1]. Na produção de algodão, os processos de descaroçamento continuavam manuais mesmo com a invenção da descaroçadeira de Whitney inventada em 1793 e empregada nos Estados Unidos em 1810 que passou a suplantar a produção algodoeira brasileira dado os significativos acréscimos de produtividade. A invenção de Whitney não chegou a ser conhecida no Brasil colonial.[2] Saint Hilaire ao percorrer as principais zonas produtoras do país em 1817 não encontra senão o antiquado processo. [3] Em 1799, sete anos depois da invenção de Whitney, Manuel Arruda da Câmara “um dos espíritos mais cultos e informados da colônia publica em Lisboa o livro “Sobre a cultura dos algodoeiros” sobre o cultivo no Brasil e demonstra desconhecer totalmente o descaroçador norte americano.[4] Manual Arruda cita uma máquina simples (na figura) usada no descaroçamento do algodão formada por dois pequenos cilindros horizontais dando a cada um um movimento oposto onde o trabalhador usa a máquina sentada em um pequeno banco: “esta máquina consegue descaroçar mais do que o método manual, contudo é muito trabalhosa e cansa demasiadamente os braços e consegue no máximo descaroçar duas arrobas de algodão em um dia”.[5]

[1]MELLO, Maria Regina Ciparrone. A industrialização do algodão em São Paulo. São Paulo: Perspectiva, 1983, p.93

[2]BOXER, Charles. O império colonial português (1415-1825). Lisboa:Edições 70, 1960, p. 195; MOTOYAMA, Shozo. Prelúdio para uma história: Ciência e Tecnologia no Brasil, São Paulo: Edusp, 2004, p. 143, RODRIGUES, Clóvis. A inventiva brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1973, p. 183

[3]JÚNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo:Brasiliense, 1986, p.139

[4]MOTOYAMA, Shozo. Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil, São Paulo:Edusp2004, p. 145 http://purl.pt/11502

[5]PRIORE, Mary del. Histórias da gente brasileira, v.1 Colônia.Rio de Janeiro:Leya, 2016, p. 283; CAMARA, Manuel Arruda da, O.C. 1752-1810, Memoria sobre a cultura dos algodoeiros, e sobre o methodo de o escolher, e ensacar etc : em que se propoem alguns planos novos, para o seu melhoramento... / por Manuel Arruda da Camara... ; impressa... por Fr. Joze Mariano da Conceição Velloso. - Lisboa : na Officina da Casa Litteraria do Arco do Cego, 1799 http://purl.pt/11502



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