segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Salões do século XVIII e a divulgação da ciência

 

Na década de 1720 na Bedford’s Coffee House professores independentes ministravam aulas de filosofia natural e experimental newtoniana como James Stirling e Jean Desaguliers.[1] No início do século XVIII John Harris irá apresentar uma série de palestras públicas na Marine Coffee House em Londres.[2] Apresentações públicas de divulgação científica foram realizadas em 1731 na Amsterdam Coffee House em Londres.[3] Em Fleet Street em Londres se tornou ponto de encontro de intelectuais huguenotes franceses que se reuniam na Rainbow Cofffe House incluindo o matemático De Moivre, Halley e Newton.[4] Esses salões seguiam o modelo de salões literários que de desenvolveram na mesma época. Na metade do século XVIII em Paris madame Marie Geoffrin [5] em seu salon reunia a intelectualidade francesa entre os quais grandes filósofos como Montesquieu e Rosseau. Sociedades literárias como The Club (1764) [6] organizado por Samuel Johnson e Joshua Reynolds se reuniam numa taberna em Londres para debater temas diversos e incluía entre seus frequentadores o químico George Fordyce.[7] Por volta de 1780 Joseph Priestley, Benjamin Franklin e outros cientistas reuniam-se no London Coffee House junto ao átrio da catedral de Saint Paul.[8] Mesmo tendo descoberto a água gaseificada Prietsley transferia livremente seus conhecimentos entre os demais membros do grupo de maneira generosa e exaustiva. Segundo Steven Johnson: “com o sistema universitário subsistindo em precárias condições em meio a tradições arcaicas e laboratórios empresariais de pesquisa e desenvolvimento ainda no horizonte distante, o espaço publico do café servia como eixo central de inovação na sociedade britânica [entre 1650 e 1800]”. [9] Para Ian Iankter a abertura do conhecimento técnico e científico para uma variedade maior de grupos sociais constitui uma fator importante para o êxito da Revolução industrial na Inglaterra.[10] Para Eric Hosbbawn uma “aristocracia do trabalho” que reunia uma combinação de antigos artesãos e novos empreendedores na área têxtil e em engenharia fomentou uma cultura de invenção. Chaloner destaca que estes grupos formados entre aprendizes de artesãos, reuniões em clubes de comércio e cafés, sociedades de apoio às artes e instituições educacionais formavam interesses em comum ampliando a base social de suporte à inovação tecnológica. [11] Kenneth Clark mostra que a ciência no século XVIII tornou-se moda e romântica como se pode apreender nas obras de Wright of Derby como na tela (na figura) em que mostra a curiosidade e o assombro de leigos assistindo a uma apresentação científica com uma bomba de ar.[12]

[1]SOARES, Luiz. A Abion revisitada, Rio de Janeiro:Faperj, 2007, p.163

[2]INKSTER, Ian. Science and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 37

[3]INKSTER, Ian. Science and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 34

[4]INKSTER, Ian. Science and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 48

[5]https://en.wikipedia.org/wiki/Marie_Th%C3%A9r%C3%A8se_Rodet_Geoffrin#Madame_Geoffrin_and_the_salons

[6]https://en.wikipedia.org/wiki/The_Club_(dining_club)

[7]BURKE, Peter. O polímata, São Paulo: Cia das Letras, 2020, p. 328 (figura 10)

[8]JOHNSON, Steven. A invenção do ar. Rio de Janeiro:Zahar, 2009, p. 23

[9]JOHNSON, Steven. A invenção do ar. Rio de Janeiro:Zahar, 2009, p. 57

[10]INKSTER, Ian. Science and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 42, 71

[11]INKSTER, Ian. Science and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 80

[12]CLARK, Kenneth. Civilização, São Paulo:Martins Fontes, 1980, p.278



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