Em Opus maius
Roger Bacon escreve: “aprendi muitas
coisas, e coisas muito importantes, com homens extremamente simples, coisas que
não pude aprender de todos os meus mestres”[1] numa crítica à filosofia escolástica das universidades que se fechava em si
mesmo. Para Franco Alessio, Roger Bacon ultrapassa a escolástica que conhecera
em Paris: “fundada sobre o orgulho,
dominada por mestres que se erigem em autoridades frágeis e ilegítimas baseadas
em textos corrompidos pelas traduções, a escolástica é envenenada pelos males,
erros e vícios que governam como déspotas um mundo radicalmente degradado [...]
Os matemáticos euclidianos, excluídos pela escolástica, serão recolocados no
centro e se tornarão a porta e a chave de todas as ciências. Em cada uma das
ciências, a ciência das experiências scientia experimentorum produzirá
resultados que abalarão o mundo”.[2] Segundo
Tulio Gregory “a ênfase posta na ciência
experimental conjuga-se, em Roger Bacon, com uma defesa do trabalho manual e
com a exigência de ampliar o mundo dos conhecimentos científicos (da astrologia
às ciências mágicas fundadas em forças naturais e não demoníacas) é que essas
formas de saber operatório condicionam não apenas o bem estar de indivíduos e Estados,
mas também o destino da Igreja e o triunfo da república cristã”.[3] Para José Silveira da Costa: “Roger Bacon
será sempre lembrado como um intrigante e engenhoso visionário e profeta dos
rumos que as ciências e a tecnologia iriam tomar na modernidade”.[4] Frances e Joseph Gies destacam que “aos olhos de Roger Bacon as artes
práticas dão ao homem poder sobre o
mundo natural o qual a ciência teórica jamais poderia proporcionar”. [5] Roger
Bacon assume, portanto, uma precedência das artes práticas sobre as demais
formas de conhecimento, da mesma forma que Robert Kilwardby (1215-1279)
dignificava as artes mecânicas como uma subdivisão das ciências especulativas, por
exemplo, como a carpintaria era um aspecto específico da geometria. Apesar
disso Thorndike observa que a scientia
experimentalis de Roger Bacon é hermética devendo seus conhecimentos e
métodos permanecer em segredo constituindo patrimônio de uma elite de
iniciados.[6]
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