segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Os primeiros ofícios no Brasil

 

A necessidade de construções militares para defesa da Colônia faz aportar mestres, ferreiros entre outros ofícios. Tomé de Souza chega ao Brasil em 1549 na Bahia para fundar a cidade de Salvador acompanhado de Luís Dias, mestre de obras e arquiteto [1] que tinha o título de “mestre da pedraria” [2]; Diogo Peres, mestre pedreiro; Pedro Goes, mestre pedreiro arquiteto e construtor dos primeiros engenhos de açúcar [3]; Luis Martins, mestre de fazer cal; Francisco Nicolas, mestre de carpintaria; Diogo de Castro, boticário; os carreiros João Dias de Soajo e Martim Gonçalves entre outros oficiais [4] em um total de 77 artífices [5] além de 47 trabalhadores braçais [6]. Rodrigo Andrade denomina Luís Dias como “o pioneiro de nossos arquitetos” tendo construído a primeira casa Da Camâra e cadeia, além dos edifícios da alfandegas e seus armazéns [7]. A Câmara Municipal de São Paulo por diversas vezes (1578, 1583 e 1586) perseguiu ferreiros por ensinarem seu ofício aos índios. Segundo Afonso de Taunay “Compreende-se a preocupação com que os vereadores queriam a todo custo impedir que os selvagens pudessem substituir por armas de ferro os toscos tacapes, os machados de pedra e as farpas ósseas das flechas”.[8] O mesmo Taunay informa que em São Paulo em 1593 residiam dois carpinteiros, um ferreiro, dois alfaiates, dois tecelões, um sapateiro e um oleiro.[9]



[1]TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil: séculos XVI a XIX, Rio de Janeiro:Clube de Engenharia, 1994, p.74; MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, William. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI, Rio de Janeiro;Imperial Novo Milênio, 2009, p. 59

[2]MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 72

[3]SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 408, nota 61

[4]BARSA PLANETA, História do Brasil: primeiros povos brasileiros, descobrimento e colonização, 2009, v.1, p. 227; MOTOYAMA, Shozo. Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil, São Paulo:Edusp2004, p. 89; SOUZA. Bernardino José. Ciclo do carro de bois no Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1958, p. 104

[5]LIMA, Heitor Ferreira. História Político econômica e industrial do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1970, p. 107

[6]LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 259

[7]MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 72

[8]LIMA, Heitor Ferreira. Formação industrial do Brasil, Rio de Janeiro:Fundo de Cultura, 1961, p. 115

[9] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 260



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...