Segundo
Antonil a casa das fornalhas era bastante insalubre e lembrava o “fumo perpétuo e via imagem dos vulcões Vesúvio
e Etna e quase do Purgatório ou do Inferno” [1] e muitas vezes reservados aos escravos portadores de doenças sexuais pois
acreditava-se nas propriedades terapêuticas do calor excessivo.[2] Caio Prado Júnior observa que nas colônias inglesas, francesas e holandesas os
processos de utilização do bagaço da cana como combustível em substituição à
lenha já eram bastante conhecidos.[3] Segundo Manuel Diegues: “o mestre de
açúcar é o técnico que supervisiona toda a atividade do preparo do açúcar no
engenho. Outros técnicos em especializações particulares, ajudam o mestre do
açúcar em funções específicas: o caldeireiro que baldeia o caldo para as tochas
e vai também limpando, com a espanadeira a espuma fervente nas caldeiras,
ajudando o caldo; o tacheiro que se incumbe de acompanhar o desenvolvimento do
caldo nas tachas e o purgador que é o químico no preparo da cristalização do
açúcar nas formas”.[4] Mary del Priore mostra o mestre do açúcar era um negro livre encarregado de
manipular a caldeira mantendo a temperatura adequada, sendo um trabalhador
valorizado na economia colonial e que recebia um salário por safra. Em Campos
em 1790 recebia um mínimo de 600 e 800 reis por dia.[5]
[1]GOMES, Laurentino.
Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.332; MARTINS, Wilson.
História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 240
[2]CAMPOS, Raymundo.
Grandezas do Brasil no tempo de Antonil, São Paulo:Atual Editora, 1996, p. 21
[3]JÚNIOR, Caio Prado.
Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo:Brasiliense, 1986, p.135
[4]DIEGUES, Manuel.
População e açúcar no nordeste do Brasil, Comissão Nacional de Alimentação,
1954, p.147
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