sábado, 6 de fevereiro de 2021

Os engenhos de açúcar da Ilha da Madeira

 

João da Palma, mercador Genovês residente em Lisboa, obteve em 1404, concessão de D. João I para plantar cana-de-açúcar no Morgado de Quarteira no Algarve. Em 1409, juntamente com seu filho Francisco da Palma e com Nicolau da Palma, beneficiou do “aforamento da horta junto ao muro de Loulé para plantação de cana-de-açúcar”, no entanto a dificuldade em se conseguir água em abundância impediu que a cultura se generalizasse.[1] Por volta de 1420 os portugueses iniciam o povoamento da ilha da Madeira qual João Gonçalvez Zarco dividiu o arquipélago com Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestelo. Em 1433 o rei D. Duarte doou as ilhas, como uma espécie de feudo a seu irmão D. Henrique, eu adotou oum sistema de capitanias hereditárias, modelo que mais tarde seria usado no Brasil. O primeiro engenho de açúcar português foi construído por Diogo Vaz de Teive, escudeiro do Infante D. Henrique, na ilha da Madeira em 1452 com canas vindas da Sicília [2]. A notícia da Crónica de Nuremberg, de Hartman Schedel (1495), informa que a ilha da Madeira "produz vários frutos, principalmente a cana sacarina, que traz à ilha consideráveis lucros, inundando a Europa de óptimo açúcar, que é conhecido por açúcar da Madeira". Em 1498 o rei D. Manuel impôs uma restrição para as exportações vindas da Ilha da Madeira para atender as reclamações dos portugueses.[3] Portugal procurou atrair tanto judeus quanto flamengos para o arquipélago, mediante a distribuição de terras. Varnhagen confirma que vieram da Ilha da Madeira os operários especializados na indústria mecânica agrícola do açúcar.[4] A tecnologia dos engenhos de açúcar no Brasil foi trazida pelos portugueses da Ilha da Madeira segundo o livro "As Ilhas de Zargo" do padre madeirense Eduardo Pereira.[5]



[1]https://www.catedra-alberto-benveniste.org/dic-italianos.asp?id=114

[2]BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.307

[3]BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.10

[4]VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. I, p. 195

[5]MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal. Rio de Janeiro: Tinta da China , 2016, p.56



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...