As primeiras pinturas rupestres no Brasil foram registradas no livro Diálogo das grandezas do Brasil de 1618 escritas
pelo senhor de engenho Ambrósio Fernandes Brandão.[1] O livro foi descoberto por
Adolfo de Varnhagen na Biblioteca de Leiden, nos Países Baixos, da qual fez uma
cópia em 1874 que serviu para a publicação brasileira de 1930, por iniciativa
da Academia Brasileira de Letras, com introdução de Capistrano de Abreu e notas
de Rodolfo Garcia.[2] As pesquisas de Lund permaneceram por longo tempo ignoradas, só mais tarde
seriam traduzidas e divulgadas por Leônidas Damásio e Henri Gorceix,
contratado, em 1875, para organizar e executar o plano de uma escola de minas,
em Ouro Preto.[3] Os crânios obtidos na gruta de Sumidouro encontram-se no Museu Lund em
Copenhage, com exceção de um crânio doado ao Instituto Histórico do Rio de
Janeiro.[4] O naturalista francês Jean
Quatrefages passou a designar tais hominídios com “raça de Lagoa Santa”.[5] Para Aníbal Mattos: “O lago santense desconhecia esses objetos ou
por sua condição ínfima de cultura ou por que não tivesse alcançado ainda, na
sua vida primitiva, a prática de certos hábitos sociais relativos aos costumes
de outras tribos, atributos de magia, etc, que não constituem, aliás, sob o
ponto de vista etnológico, senão episódios de povos primitivos em rudimentares
etapas de mesquinha cultura”.[6] Nas grutas de Sumidouro na
divisa entre Lagoa Santa e Pedro Leopoldo em Minas Gerais onde foram
descobertos por Peter Lund em 1840 os espécimes de hominídios mais antigos do
Brasil não foram encontrados vestígios de utensílios ou ferramentas.[7] No complexo Cerca Grande
foi encontrado um nível cultural pré cerâmico. Entre os artefatos de pedra
encontrados em Lagoa Santa encontram-se machados de pedra e pontas de flecha em
quartzo hialino. As técnicas encontradas são bastante rudimentares entre os
quais se destacam os do tipo chopper (talhador) [8] tal como os encontrados no
sítio arqueológico de José Vieira no Paraná.[9] André Prous indica o uso
de técnicas de debitagem bipolar e de retoque sobre bigorna em Lagoa Santa como
técnica de lascamento de pedra [10]. Em geral tais
ferramentas são feitas de quartzo, um material difícil de trabalhar. Reinaldo
Lopes, contudo, adverte: “não se deixe
enganar por esse cenário aparentemente pouco imaginativo, no entanto. Se o povo
de Luzia não era formado por caçadores formidáveis ou grandes artífices (a
respeito desse segundo ponto ainda temos algumas dúvidas, já que os instrumentos
mais complexos podem apenas ter se perdido, talvez por serem feitos de material
perecível), sua vida cultural e seus rituais parecem ter sido riquíssimos, e
pistas preciosas a esse respeito tem sido achadas no majestoso abrigo da Lapa
do Santo”.[11] A descoberta das grutas de Lagoa Santa foi resultado da exploração de salitre
no local. Com as guerras napoleônicas interrompeu-se o fornecimento de pólvora
da Europa despertando a necessidade de produção local. Data desta época a
fundação de uma fábrica de pólvora no Rio de Janeiro.[12]
Nenhum comentário:
Postar um comentário