sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O mercado de Tlatelolco

Hernan Cortez descreve um movimento com mais de 60 mil pessoas na capital Tenochtitlan: “Não posso dizer outra coisa senão que na Espanha nada existe de comparável”.[1] No século XVI na cidade de Tenochtitlan [2] fundada em 1345 e Tlatelolco encontravam-se bairros de artífices como Amantlan, em torno do templo, que reunia especialistas do mosaico de plumas (os amantecatl)[3] ou Pochtlan privativo dos mercadores.[4] Tlatelolco era o mercado mais importante do império asteca. O cronista da conquista Bernal Diaz del Castillo relata a presença de feiras com comércio intenso de calçados, cordas, peles de jaguar, joias de ouro, prata e pedras preciosas na praça central de Tlatelolco[5] conduzido pelos pochtecas, membros de poderosas corporações que detinham o monopólio do comércio exterior[6]. Entre os mexicas (como os astecas se chamavam entre si)[7] o comércio era realizado nos mercados tianquiztli.[8] Bernal Díaz descreve o mercado de Tenochtitlan e conta como se vendiam mel e um doce que ele chama de “muégados”, cobertores, peles de animais e facas de pedra que foram esculpidas ali por artesãos bem como cerâmicas utilitárias de luxo. A pochteca era uma espécie de corporação hereditária de mercadores de longa distância que negociavam artigos de luxo dos mercados estrangeiros[9]. Estas corporações controlavam o monopólio de importação de algodão da costa do golfo do México e de outros locais pata Tenochtitlan e seus membros viviam em bairros especiais[10]. A base da organização social dos astecas era o clã (calpuli) sendo a cidade dividida em vinte calpulis. [11]



[1] Guia dos segredos do império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 49; TAPAJÓS, Vicente. História da América, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1974, p. 31

[2] COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. I Madrid:Ed. Del Prado, 1997, p. 150

[3] Guia dos segredos do império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 53

[4] SOUSTELLE, Jacques. A vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.37, 99

[5] SOUSTELLE, Jacques. A vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.59; HERRMANN, Paul. A conquista das Américas. Sâo Paulo:Boa Leitura, 1960, p.119

[6] SOUSTELLE, Jacques. A vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.98

[7] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.17

[8] Instituto Nacional de Antropologia e História. Guia Oficial do Museo Nacional de Antropologia, Mexico:Inah Salvat, 1998, p.72

[9] COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. I Madrid:Ed. Del Prado, 1997, p. 146

[10] PHILLIPS, Ellen, Viagens de descobrimento 1400-1500, Rio de Janeiro:Time Life, 1991, p.153

[11] TAPAJÓS, Vicente. História da América, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1974, p. 31



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