terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Mercantilismo em Portugal

 

D. João V que reinou de 1706 a 1750 trouxe engenheiros, militares, geógrafos, astrônomos, cartógrafos e matemáticos do estrangeiro. Na medicina chegou a convidar o célebre Boerhaave de Leiden na Holanda, mas este não pode aceitar o convite. Segundo Jaime Cortesão: “O que todos eles [os estrangeiros] denunciavam, porque só de fora se podia ver, era o grande atraso de Portugal, em relação à cultura científica europeia. O conhecimento da ciência da natureza, pelo método matemático e experimental, que tão grandes passos dera na Inglaterra, na França, na Holanda, na Itália e na Alemanha, constituía letra morta no país. Aristóteles e os áridos métodos escolásticos continuavam a imperar no ensino, quase exclusivamente entregu aos jesuítas”.[1] A política do ministro Pombal já no reinado de D. José I (que reinou de 1750 a 1777) do Estado promover as manufaturas e uma burguesia nacional poderosa levou ao duque Silva Tarouca a chamar Pombal (na figura) de “o Colbert português”.[2] Simonsen descreve Pombal como o “segundo Colbert português” sendo o Ministro das Finanças, Luís de Meneses (1675-1690), 3º conde da Ericeira, o primeiro, por adotar medidas mercantilistas para promover o estabelecimento de fábricas de panos no Reino de Portugal nas vilas do Fundão, Covilhã, Redondo e Portalegre.[3] Pombal tentou inclusive a contratação de técnicos ingleses para desenvolver a manufatura em Portugal como, por exemplo, James Stephens.[4] O reinado de Maria I, iniciado em 1777, foi por muitos considerado o período da "viradeira", ou seja, de um retrocesso face à política reformista ilustrada do governo de José I e seu célebre ministro, Sebastião Carvalho de Melo, futuro marquês de Pombal.



[1] CORTESÂO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. In: MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 367

[2] MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo, Rio de Janeiro:Paz e terra, 1996, p.68

[3] SIMONSEN, Roberto. História Econômica do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1962, p.362; ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 128

[4] FIORE, Elizabeth. Presença britânica no Brasil (1808-1914). São Paulo:Pau Brasil, 1987, p. 23



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