domingo, 28 de fevereiro de 2021

Lagar de azeite

 

Um lagar de azeite encontrado na vila de Pyrgos no Chipre data da Idade do Bronze (2500–2000 aC) onde se pode observar uma prensa primitiva para amassar as azeitonas. Lagar é o local onde se pisam frutos para separar sua parte líquida da massa sólida, como as azeitonas para fazer azeite ou as uvas para elaborar vinho. Tales de Mileto (624-548 a.c.) alugou todos os lagares das cidades de Mileto e Chio tendo pago pouco pelo aluguel porque porque ninguém oferecera preço melhor e ele dera algum adiantamento, segundo testemunho de Aristóteles em A política. Com isso Tales faturou um bom dinheiro cobrando dos produtores de azeitona um preço elevado e conseguindo grande fortuna na operação. Aristóteles conclui: “Em geral, o monopólio é um meio rápido de fazer fortuna. Assim, algumas cidades, quando precisam de dinheiro, usam desse recurso. Reservam-se a si mesmas a faculdade de vender certas mercadorias e, por conseguinte, de fixar seus preços como querem [,,,] É bom que os que governam os Estados conheçam esse recurso, pois é preciso dinheiro para as despesas públicas e para as despesas domésticas, e o Estado está menos do que ninguém em condições de dispensá-lo.” O poeta grego Antíparo, elogiava a invenção do moinho hidráulico para moagem de cereais como libertadora de escravas e criadora da Idade do Ouro.[1] O geógrafo grego Estrabão (63 a.c. a 24 a.d.) registra a presença de um moinho d’água em Cabira no palácio de Mitridates, rei do Ponto no século I a.c.[2]. Vitrúvio (81 a.c. a 15 a.c.) elogia Arquitas como um exímio construtor de máquinas. [3] No Novo testamento A palavra Getsêmani significa “lugar do lagar de azeite”. Ausonius em Mosella escrito em 369 descreve o uso de um moinho para moer grãos [4] e para cortar mármore perto de Tréveri, embora David Lynn e Frances Gies questionem a autenticidade deste trabalho [5]. Ausonius descreve o moinho poeticamente como cerealia saxa em sua função de moer cereais.[6]



[1] MARX, Karl. O capital, livro I: o processo de produção do capital,São Paulo:Boitempo, 2013, p.481

[2] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.14

[3] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.71

[4] DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.242

[5] WHITE, Lynn. Medieval technology & social change. Oxford University Press, 1964, p.83; SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.31; FINLEY, Moses. Economia e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p. 208; GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 35

[6] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.597, 600



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